Depois de troca de alfinetadas, Bolsonaro encontra Macron e o convida a visitar Amazônia
Quatro horas depois de o governo brasileiro ter anunciado o cancelamento de uma reunião bilateral entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o francês, Emmanuel Macron, os dois se reuniram informalmente durante a Cúpula do G20, em Osaka, no Japão.
De acordo com o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, a conversa se deu por volta de 15h desta sexta-feira (horário local).
Eles falaram sobre questões climáticas, fronteira entre Brasil e Guiana, comércio internacional e acordo entre União Europeia e Mercosul.
Rêgo Barros afirmou que Bolsonaro convidou o presidente francês para visitar a região amazônica no Brasil. E que ele reafirmou seu compromisso com o Acordo de Paris, que trata de questões climáticas.
A fala entre eles ocorre em meio a críticas de líderes europeus à política climática brasileira. Macron disse em entrevista que não assinaria acordos comerciais com o Brasil caso o país deixasse o Acordo de Paris.
O Mercosul, bloco do qual o Brasil faz parte, negocia um tratado de comércio com a União Europeia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também afirmou na véspera de embarcar para o G20 que estava preocupada com a situação do desmatamento brasileiro.
Ela e Bolsonaro se reuniram na tarde desta sexta em Osaka em encontro que não estava previsto nas agendas.
De acordo com Rêgo Barros, que não soube falar sobre os temas abordados entre eles, o clima da reunião foi “amistosa”.
Merkel disse esta semana que queria ter uma “conversa clara” com Bolsonaro sobre a questão do desmatamento na região Amazônica.
Ao desembarcar no Japão na quinta, o brasileiro deu uma resposta dura, ao afirmar que não aceitaria advertências de outros países após ser questionado sobre a declaração da líder alemã.
“Eles [alemães] têm a aprender muito conosco. O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores que vieram aqui para serem advertidos por outros países. Não, a situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado, de alguns casos de chefes de estado que estiveram aqui”, disse, sem citar a quem se referia.
A conversa entre Macron e Bolsonaro se deu em meio a um vaivém de versões ao longo desta sexta, durante o primeiro dia do G20.
Uma reunião com o francês constava na agenda do presidente brasileiro às 14h25, mas teve seu cancelamento anunciado por volta de 11h pela comitiva brasileira.
Num primeiro momento, Rêgo Barros disse à *Folha* que o Brasil havia recebido um pedido de cancelamento da agenda por parte dos franceses, que haviam proposto o encontro. Ele não soube informar os motivos que levaram Macron a desmarcar.
Mais tarde, em briefing com a imprensa, o porta-voz disse que o presidente francês havia proposto o encontro às 23h de quinta (27), o que havia sido rejeitado por Bolsonaro, que desembarcará horas antes em Osaka, no Japão.
No G20, a comitiva francesa relatou desconhecer a previsão de agenda formal entre Macron e Bolsonaro. Eles disseram terem sido informados pela imprensa brasileira.
Rêgo Barros não comentou sobre o tema e mostrou-se irritado com o volume de perguntas sobre a agenda. Ele pediu que os jornalistas fizessem outros questionamentos, afirmando que não responderia mais sobre a reunião com o francês.
Durante a abertura da cúpula de líderes, uma hora depois do anúncio do cancelamento da agenda, Macron e Bolsonaro posaram lado a lado para a foto oficial do G20.
O brasileiro entrou sozinho e, na sequência, recebeu um cumprimento seco do francês, que estendeu sua mão a Bolsonaro antes de se posicionar no canto do palco montado para o registro.
Bolsonaro, por sua vez, logo voltou o corpo para a direção da câmera, enquanto outros líderes conversavam à espera da fotografia.
O presidente brasileiro também participou de uma reunião dos Brics, bloco formado por Brasil, Rússia,Índia, China e África do Sul. Após o encontro, o grupo divulgou uma nota dizendo que os países seguirão cumprindo o Acordo de Paris.
Bolsonaro se reuniu na sexta com o presidente americano Donald Trump e, no sábado, tem bilaterais previstas com outros cinco líderes: Xi Jinping (China), Shinzo Abe (Japão), Lee Hsien-Loong (Cingapura), Narendra Modi (Índia) e Mohammed bin Salman (Arábia Saudita).
Da FSP