Empreiteiro da OAS passa mal em depoimento à Lava Jato

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O empreiteiro Cesar Mata Pires Filho, de 41 anos, herdeiro do grupo empresarial baiano OAS, passou mal em depoimento, nesta segunda-feira (8), na Justiça Federal do Paraná.

Ele estava depondo quando caiu com o rosto na mesa, desacordado. Foi socorrido inicialmente por advogados presentes, até a chegada de um cardiologista que fazia plantão na Justiça. Ele foi levado, em seguida, de ambulância para o hospital Santa Cruz, em Curitiba.

O hospital não deu informações sobre o estado de saúde do empreiteiro alegando questões legais. A Folha apurou que Cesar Mata Pires Filho sofreu um princípio de infarto, mas passa bem.

Mata Pires Filho é um dos alvos da Lava Jato na ação que investiga desvios em construção da sede da Petrobras, em Salvador. Ele chegou a ser preso, em novembro do ano passado, mas foi solto no mês seguinte após pagar R$ 29 milhões de fiança.

Segundo a PF, os contratos do empreendimento foram direcionados e superfaturados para que houvesse pagamento de ao menos R$ 68,3 milhões em vantagens indevidas.

O depoimento de Mata Pires Filho era um dos mais esperados no processo que investiga os desvios na construção do prédio da Petrobras, na Bahia, chamado de Torre Pituba. Ele vinha sendo incriminado por outros envolvidos no caso.

Três dos oito executivos do setor de propinas da OAS que assinaram acordo de delação premiada com a Lava Jato disseram que os pagamentos de suborno foram feitos com a concordância do herdeiro da empreiteira.

Os executivos que implicaram o herdeiro da empreiteira baiana no esquema de corrupção foram José Maria Linhares Neto, Ramilton Machado Júnior e Roberto Souza Cunha.

Linhares Neto, que foi responsável pelo controle da distribuição do caixa dois da OAS, disse aos investigadores que a empreiteira se valia dos serviços de um doleiro para levantar os recursos para a propina. Ao falar sobre a autorização para esses pagamentos disse que “Leo Pinheiro e também Cesar Mata Pires Filho tinham ciência de que havia pagamentos de vantagem indevida na obra referida dado o volume de recursos que foram pagos”.

Ramilton Machado Junior, também executivo do departamento de propinas da OAS, relatou que em 2014 participou de uma reunião com Mata Pires Filho para resolver um impasse diante de um contrato fictício que seria feito para escoar propina para o PT.

Outra situação semelhante foi relatada por Roberto Souza Cunha, também da controladoria, que falou aos policiais sobre um embaraço quanto a um contrato fictício que seria assinado com a empresa Mendes Pinto Empreendimentos, que também escoa propina para a empreiteira baiana.

Ele e Ramilton consideraram arriscado o negócio, pois o objeto do contrato seria muito frágil: estudo sobre a recuperação de uma área explorada por uma mineradora. A decisão de contratar a Mendes Pinto veio do herdeiro da OAS, segundo o depoente. “Elmar Varjão [diretor da OAS Nordeste] foi até Cesar Filho, que determinou que o contrato deveria ser feito”, disse.

Cesar Mata Pires Filho tenta um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, mas, segundo a Folha a apurou, a negociação não avançou até o momento.

Em agosto de 2017 o patriarca do grupo baiano, Cesar Mata Pires, morreu de infarto enquanto caminhava nos arredores da sua casa.

De FSP