Daryan Dornelles

Bolsominions querem atacar Glenn na Flip

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Organizados em grupos de WhatsApp, moradores da cidade de Paraty programam um protesto na próxima sexta-feira (12), durante a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Os cerca de 500 cidadãos, segundo estimativas próprias, pretendem se manifestar contra a participação do jornalista Glenn Greenwald na programação da Flipei, casa parceira conhecida como “barco pirata”.

Greenwald, que coordena o trabalho do jornal The Intercept Brasil na revelação de mensagens trocadas entre o ministro da Justiça Sergio Moro com procuradores da Lava Jato enquanto ainda era juiz, é a grande estrela de uma mesa que debate os desafios do jornalismo justamente na cobertura da operação.

O objetivo é cancelar a palestra, segundo o que informaram à Folha quatro participantes, que preferem não se identificar. Antes de agendar o protesto, enviaram, na última semana, um email à direção da Flip, pedindo que Greenwald fosse retirado da programação. Receberam a resposta de que os espaços parceiros têm autonomia e, portanto, nada seria feito a respeito.

“Foi uma indignação instantânea quando essa palestra foi divulgada”, explica um dos organizadores. “A indignação é por um estrangeiro vir discutir sobre a Lava Jato, este patrimônio do brasileiro decente que cansou de ouvir barbaridades sobre roubalheira. Um americano que foi expulso do país dele. Falam que ele ganhou o prêmio Pulitzer, mas ele não ganhou nada, é tudo fake”.

Outro organizador chama Greenwald de “criminoso”. “Se violar o celular da gente já é um crime gravíssimo, imagina o que eles fizeram com uma autoridade, um ministro de Estado. A gente vai receber um cara que não tem moral. Lugar de bandido é na cadeia. Será que a Flip vai fazer isso, trazer mais bandidos e criminosos para cá?”, questiona.

A Flip informa que as casas parceiras têm programações que “não necessariamente refletem sua opinião”. Em comunicado oficial, diz que “não se vê no papel de desautorizar manifestações que porventura ocorram no seu território, contato que as mesmas não contenham teor ofensivo ou discriminatório”.

A organização da Flipei, por sua vez, não foi procurada por nenhum dos membros dos grupos. “Não tentamos contato, até porque a gente acredita que seja um grupo bem radical”, avalia um dos organizadores, na entrevista. “A Flip é corresponsável pelo evento. A gente entende que a Flipei é uma casa parceira, mas isso está sendo permitido. A Flip está dando um tiro no pé”.

De FSP