Dallagnol e o seu ‘agora ou nunca’
Lidas em bruto, as mensagens obtidas pelo Intercept Brasil podem saturar ou até confundir um curioso. Olhadas no contexto em que aconteceram, chegam a surpreender.
No dia 24 de outubro do ano passado, o procurador Deltan Dallagnol escreveu o seguinte para seus colegas: “Caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?. (…) Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkkk”.
Dallagnol queria que se fizesse uma operação de busca e apreensão em cima do ex-governador da Bahia, que acabara de se eleger para o Senado.
O que haveria de simbólico num teatro da polícia varejando a casa de Jaques Wagner?
Até julho, ele havia sido o plano B do comissariado petista como alternativa de candidato à Presidência. Eleito senador pela Bahia, Jaques Wagner entrou na segunda semana de outubro tentando costurar uma frente de apoio a Fernando Haddad para o segundo turno. A conversa de Dallagnol com os procuradores aconteceu quatro dias antes da votação.
Uma operação de busca e apreensão na casa do petista que tentava moderar as bandeiras vermelhas estava pra lá de simbólica. Quando Dallagnol diz que o assunto era “urgentíssimo”, “tipo agora ou nunca”, queria a cena para já.
A turma da Lava Jato pode dizer que trabalhou com isenção e dentro das normas legais, mas o doutor Dallagnol deve admitir que no dia 24 de outubro estava armando uma cama de gato contra um grão-petista, em busca de algo “simbólico”.
De FSP