Moro tenta desdizer que teve acesso a inquérito sigiloso
O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou, por meio de sua assessoria, não ter tido acesso ao inquérito sobre os hackers e que fez uma relação “lógica” entre o grupo preso e o site The Intercept Brasil.
A assessoria de comunicação do Ministério da Justiça divulgou uma nota rebatendo a coluna de Leandro Colon, publicada nesta segunda-feira (29) na Folha.
“O ministro da Justiça e da Segurança Pública esclarece que não teve acesso ao inquérito de investigação das invasões criminosas de celulares e mensagens de autoridades, sendo falsa a afirmação efetuada nesse sentido pelo colunista Leandro Colon”, diz trecho da nota.
A coluna aponta contradições entre o depoimento dado por Moro no Senado em 29 de junho e publicações feitas por ele no Twitter na semana passada.
O ministro disse aos senadores que a PF tem autonomia na investigação sobre o ataque aos celulares de autoridades, entre eles o do próprio ministro, pelos hackers. Moro afirmou que a investigação é sigilosa e que está afastado dela.
Na semana passada, ele postou em rede social que os hackers eram a fonte de informação do The Intercept Brasil, que tem publicado as mensagens trocadas por Moro com integrantes da Lava Jato.
Moro escreveu sobre o assunto na quarta-feira (24), um dia após a operação da PF que prendeu quatro pessoas suspeitas de invadir os telefones. O ministro afirmou que os presos eram “a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime”. Na véspera, Walter Delgatti Neto, um dos detidos, admitiu, em depoimento sigiloso à polícia, ter sido o autor do ataque e ter repassado as informações ao site.
“O twitter do dia 24/07 foi postado após a realização das buscas e prisões e a decisão judicial terem se tornado públicas. A relação entre os hackers e as divulgações das mensagens era a esse ponto mais do que lógica”, afirma a nota divulgada pela assessoria de Moro.
A decisão judicial que se tornou pública, mencionada pelo ministro, foi assinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF. O documento divulgado refere-se à autorização de prisão dos suspeitos, ou seja, anterior à operação deflagrada no dia 23. Não continha depoimentos dos suspeitos presos nem detalhes sobre o material apreendido.
“Também não houve acesso a lista de vítimas, tendo apenas o ministro se encarregado de, por questões de segurança nacional e pessoal, comunicar algumas autoridades de elevada posição, como o presidente da República, que estariam entre as vítimas”, diz a nota divulgada por Moro.
Leia a íntegra da nota:
“O ministro da Justiça e da Segurança Pública esclarece que não teve acesso ao inquérito de investigação das invasões criminosas de celulares e mensagens de autoridades, sendo falsa a afirmação efetuada nesse sentido pelo colunista Leandro Colon. O twitter do dia 24/07 foi postado após a realização das buscas e prisões e a decisão judicial terem se tornado públicas. A relação entre os hackers e as divulgações das mensagens era a esse ponto mais do que lógica. Também não houve acesso a lista de vítimas, tendo apenas o ministro se encarregado de, por questões de segurança nacional e pessoal, comunicar algumas autoridades de elevada posição, como o presidente da República, que estariam entre as vítimas”.
Da FSP