Criminoso: Bolsonaro nega execução de cacique no AP
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira que não tem “nenhum indício forte” de que um cacique tenha sido assassinado por garimpeiros durante uma invasão à Terra Indígena Waiãpi, no Amapá. O presidente disse ainda que é sua intenção regulamentar o garimpo nessas terras e criticou as reservas, que, segundo ele, estão “inviabilizando” o negócio do Brasil, que “vive de commodities”.
No último domingo, a Polícia Militar amapaense afirmou que o corpo do indígena Emyra Waiãpi, de 62 anos, tinha perfurações e cortes na região pélvica. Um filho do cacique disse que ele morreu em confronto com garimpeiros.
Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre o caso nesta manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada rumo ao Planalto. “Nesse caso agora aqui, as informações até o momento, vou atualizar de manhã, não tem ainda nenhum indício forte de que esse índio foi assassinado lá agora”, afirmou. “Chegaram várias possibilidades. A PF está lá, quem nós pudermos mandar para lá já mandamos para buscar desvendar o caso e buscar a verdade sobre isso aí.”
Bolsonaro falou ainda sobre sua intenção de legalizar o garimpo. “É intenção minha regulamentar o garimpo, legalizar o garimpo. É intenção minha, inclusive para índio. Tem que ter o direito de explorar o garimpo na tua propriedade. A terra indígena é como se fosse propriedade dele”, disse.
O presidente criticou o tamanho das reservas, citando como exemplo a terra dos Ianomami, que segundo ele ocupa uma área que é o dobro da do Estado do Rio de Janeiro e onde vivem 9.000 índios. Ele afirmou que “há um interesse enorme de outros países de ganhar, de ter para si a soberania da Amazônia” e que eles “usam o índio como massa de manobra, para demarcar cada vez mais terras, dizer que estão sendo maltratados”.
O presidente afirmou ainda que as reservas indígenas têm impacto negativo sobre o agronegócio e que, se o setor quebrar, “todo mundo vai para o barro” no país. “Está inviabilizando nosso negócio. O Brasil vive de commodities. Daqui a pouco o homem do campo vai perder a paciência e vai cuidar da vida dele, sair do Brasil”, disse. “E a gente vai viver do quê? O que nós temos aqui além de commodities? Será que o pessoal não acorda? Se esse negócio quebrar, todo mundo vai para o barro. Acabou o Brasil.”
O presidente voltou a defender ações voltadas para o incentivo à iniciativa privada. Segundo ele, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já está finalizando o programa “minha primeira empresa”, com o intuito de transformar “empregado em patrão”
Do Valor