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Com remoção de Lula, Moro quis testar coragem do STF

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Por que transferir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva agora?

Bem, a coisa é tão evidente que chega a ser infantil. Porque a Lava Jato está acuada pelas ilegalidades que cometeu. E Lula, condenado sem provas por Sergio Moro, é seu maior troféu. O que se pretende com isso?

Em primeiro lugar, mobilizar a tropa bolsonarista nas redes sociais. Lula ainda é o elemento que mais assanha a sua libido punitivista. Fale o nome “Lula”, e todos os ódios se conjuram.

Mesmo a direita não-bolsonarista, quando o assunto é o ex-presidente, silencia diante das óbvias agressões à ordem legal havidas no seu caso. É como se dissesse: “Nosso limite para dizer ‘não’ a Bolsonaro é Lula”. Sim, é uma forma de covardia. Há muitas. Não suporto gente covarde. É o tipo mais desprezível que nossa espécie produziu.

Assim, para excitar a fúria dos algozes, como diria o velho e bom Castro Alves, nada como reacender o caso do local da prisão de Lula. Especialmente porque ele está a coisa de um mês da progressão da pena do regime fechado para o semiaberto. Ainda que o Supremo não trate da óbvia suspeição de Moro, há a possibilidade de deixar a cadeia, indo para a prisão domiciliar.

Em segundo lugar, o objetivo é colocar o STF, mais uma vez, no centro do debate para testar fidelidades. Como Fachin seria, como foi, o relator do pedido feito pelo PT para evitar a transferência, a Lava Jato queria saber se o “Fachin ainda é nosso”, para lembrar a expressão de Deltan Dallagnol depois de encontro com o ministro,

Cármen Lúcia, embora tida como “frouxa” pelos procuradores, continuaria a proferir votos contra a o petista só para mostrar que é independente — no caso, independente até do estado de direito? E como se comportaria Celso de Mello, cuja opinião sobre o rolo todo é alvo da curiosidade da Lava Jato e de todo mundo?

Entenderam? A Lava Jato está tentou usar a transferência de Lula como uma espécie de teste para mapear a opinião e o comportamento dos ministros. Além de jogá-los na fogueira dos bolsonaristas.

Que importa que possa pôr em risco a segurança de um ex-presidente da República?

Isso não é problema da Lava Jato.

O único objetivo da Lava Jato é proteger a Lava Jato.

E não se trata de protegê-la de ações ilegais.

Trata-se de isentá-la dos efeitos da lei e das regras do Estado de Direito.

Por 10 votos a 1, o de Marco Aurélio, o Supremo vetou a transferência de Lula de Curitiba para presídio de São Paulo.

De UOL