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Agora a briga de Bolsonaro é com o Uruguai

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O embaixador brasileiro no Uruguai expressou “espanto”, “rechaço” e “perplexidade” por declarações recentes do ministro da Defesa do Uruguai , José Bayardi, que questionou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a eleição de Jair Bolsonaro e a permanência do Brasil no Mercosul .

Os comentários foram feitos pelo ministro uruguaio ao responder a uma pergunta na qual questionavam se ele considerava a Venezuela uma ditadura. Dirigente de longa data da governista Frente Ampla, Bayardi assumiu este ano a pasta da Defesa.

— Se fosse por mim, de repente o Brasil teria que ter sido tirado (do Mercosul) também (bem como a Venezuela), pelo que significou a última eleição (do presidente Jair Bolsonaro em 2018) e o afastamento da presidente Dilma Rousseff de seu cargo em 2016 — disse Bayardi em um programa local transmitido pela TV estatal.

A discussão provocada por Bayardi bota lenha na fogueira em uma relação já pouco harmônica entre os governos de Bolsonaro e de Tabaré Vázquez , sucessor de Pepe Mujica. Na carta, o  embaixador brasileiro disse que os comentários “sobre a sociedade brasileira estão carregados de fortes preconceitos e demonstram total desconhecimento da realidade em que vivem 210 milhões de brasileiros, uma sociedade com grande vigor democrático”.

Para Ferreira Simões, as palavras de Bayardi são “incompreensíveis” para uma alta autoridade política de um país vizinho, com o qual o Brasil “mantém uma grande relação de amizade e compartilha uma fronteira na qual vivem quase um milhão de pessoas”.

“Somos mais que países amigos, somos irmãos. Surpreendem ainda mais por terem sido pronunciadas pelo ministro da Defesa Nacional. (…) Me causou espanto e rechaço a opinião expressa sobre o funcionamento do Mercosul, mecanismo que também demonstrou desconhecer”, conclui a carta.

O ministro uruguaio insistiu na comparação entre a permanência do Brasil no Mercosul e a saída da Venezuela do bloco. A Venezuela foi suspensa em 2017 pela aplicação de uma cláusula democrática aprovada em 1991 por Brasília, Buenos Aires, Assunção e Montevidéu, sócios fundadores do grupo.

— Acho que (a Venezuela) foi tirada (do Mercosul) em um determinado momento porque havia uma forte pressão, muito forte, dosgovernos do Brasil e da Argentina que haviam mudado, para tirar (Caracas), e que o Uruguai resistiu o quanto pôde. Foi errado —  afirmou.

Antes de dar a resposta sobre a Venezuela, Bayardi tirou do bolso um exemplar em miniatura da Constituição do país.

—  Lá (na Venezuela) há um governo que está sustentado em uma Constituição que é a que os venezuelanos escolheram —  disse o ministro, para quem o regime de Nicolás Maduro não é uma ditadura. — O que ocorre é um marco institucional de muita tensão — acrescentou, em declarações que divergem das feitas recentemente pelo ex-presidente Mujica.

De OGLobo