Os garotos do PSTU e a lei de Murphy
Treze garotos idealistas do PSTU foram presos após ato público diante do consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro. Policiais que reprimiram a manifestação acusam os presos de serem os donos de sacolas contendo coquetéis Molotov, pedras e socos-ingleses.
Abaixo, a reportagem da Globo News. Em seguida sigo comentando.
Os jovens já foram encaminhados a presídios feminino e masculino e, se condenados, podem pegar até 12 anos de prisão. Como devem ser todos réus primários, provavelmente não ficarão presos. A menos que a acusação se torne mais pesada ao se confirmar que são mesmo os donos dos artefatos apreendidos.
A tragédia era previsível. Em primeiro lugar, parece-me enorme ingenuidade não terem levado em conta que agentes provocadores pudessem se aproveitar da confusão para incriminá-los. Assim, mesmo que não sejam os donos dos artefatos, são donos da ingenuidade.
Mais responsáveis do que os garotos são os que estimularam esses atos. É praticamente impossível convocar um ato público dessa natureza, em uma questão explosiva como a do presidente que é um alvo vivo, sem correr grave risco de infiltrados ou os próprios manifestantes perderem o controle.
É revoltante ver garotos bons, idealistas, serem presos? É claro. Mas e se for confirmado que os artefatos mostrados nessa reportagem são deles mesmos? Sim, porque há câmeras por toda região e será possível descobrir, ainda que não exista garantia de que será assim.
Não se leva sacolas de pedras, socos-ingleses e coquetéis molotov para um ato público pacífico. Quem levou, se não tiver a grandeza assumir a culpa sozinho, levará outros consigo. A menos que fique provado que foram provocadores.
Mas como provar? Os manifestantes terão tido o cuidado de filmar de vários ângulos o local da manifestação ou colocado pessoas em postos estratégicos? Lembro-me de que no ato da Ditabranda da Folha colocamos pessoas em pontos-chave como olheiros e filmando tudo.
Espero que neste domingo, no Rio, os que forem promover manifestações tenham juízo e entendam que podem caracterizar a eles mesmos de uma forma falsa, como se fossem criminosos ou malucos. Além de não ganharem nada, perderão muito.
Será muito bom que tenham em mente uma lição inescapável sobre manifestações políticas, quentes por natureza, de que, nesse tipo de atividade, deve valer sempre a “Lei de Murphy”, que reza que “Se alguma coisa puder dar errado, dará”. Aí está a prova.