Punição para militares insubordinados já!
Meti-me em mais um interessante debate pelo Twitter com o ex-diretor de Redação do jornal O Estado de São Paulo Sandro Vaia. O motivo foi a notícia abaixo, veiculada hoje no jornal O Globo:
—–
Forças Armadas resistem à Comissão da Verdade
O Globo
Apesar da decisão da presidente Dilma Rousseff de bancar como prioridade a criação da Comissão Nacional da Verdade, as Forças Armadas resistem ao projeto e elaboraram um documento com pesadas críticas à proposta.
No texto, enviado mês passado ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, os militares afirmam que a instalação da comissão “provocará tensões e sérias desavenças ao trazer fatos superados à nova discussão”.
Segundo reportagem de Evandro Éboli na edição desta quarta-feira do jornal O GLOBO, para eles, vai se abrir uma “ferida na amálgama nacional” e o que se está querendo é “promover retaliações políticas”.
Elaborado pelo Comando do Exército, o documento tem a adesão da Aeronáutica e da Marinha. No texto, os militares apontam sete razões para se opor à Comissão da Verdade, prevista para ser criada num projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional em 2010.
Os militares contrários à comissão argumentam que o Brasil vive hoje outro momento histórico e que comissões como essas costumam ser criadas em um contexto de transição política, que não seria o caso.
“O argumento da reconstrução da História parece tão somente pretender abrir ferida na amálgama nacional, o que não trará benefício, ou, pelo contrário, poderá provocar tensões e sérias desavenças ao trazer fatos superados à nova discussão”.
As Forças Armadas defendem que não há mais como apurar fatos ocorridos no período da ditadura militar e que todos os envolvidos já estariam mortos.
“Passaram-se quase 30 anos do fim do governo chamado militar e muitas pessoas que viveram aquele período já faleceram: testemunhas, documentos e provas praticamente perderam-se no tempo. É improvável chegar-se realmente à verdade dos fatos”.
—–
Bem, comecemos pelo começo. Segundo a Constituição Federal, o presidente da República é o comandante-em-chefe das Forças Armadas. Subordinados militares não podem questionar superiores sob pena de prisão.
Se a presidenta Dilma quer instituir a Comissão da Verdade, tem a prerrogativa constitucional de fazê-lo e o militar de qualquer patente que questionar pode ser preso por insubordinação.
Antes, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional esbofeteou o país dizendo não existir motivo para vergonha no fato de os militares terem sumido com pessoas, muitas delas pouco mais do que adolescentes como a mesma Dilma Rousseff que torturaram quando era uma menina.
Vaia diz que é “falta de autoridade”. Disse a ele que nem Lula nem Dilma puniram militares que soltaram notas que deveriam ter lhes decretado prisão administrativa porque o Brasil vive uma espécie de liberdade condicional.
Os chefes militares insubordinam-se, no Brasil, porque paira uma ameaça velada de golpe de Estado se forem enfrentados.
Estou enganado? Muito bem. Então, que se puna ao menos os militares que questionaram uma possível medida da presidenta da República, comandante-em-chefe das Forças Armadas, que só compete a ela, pois aos militares não cabe questionarem sua superior hierárquica ou dizer o que ela pode ou não fazer.
Também disse a Vaia, o seguinte: a imprensa que ele representa, que vive pedindo punição de civis como Emir Sader por insubordinação, tem o dever de exigir, também, punição de militares insubordinados.
Ele disse que concorda com a premissa e argumentou que ainda há tempo para a imprensa golpista pedir a prisão dos militares insubordinados, conforme a nota de O Globo. Então esperemos que a mídia faça isso, pois até o ex-diretor de Redação do maior jornal do país acha que deve fazer.
Querem esperar de pé ou sentados?