Àqueles que chamaram Roberto Gurgel de “engavetador-geral”

denúncia

Não pretendia escrever hoje (sábado) porque estou me preparando para viajar – saio do país por algumas semanas, em viagem de trabalho. Todavia, não poderia deixar de manifestar indignação diante da queda por terra de calúnia assacada contra um homem que acaba de provar não só a própria honradez, mas a do ex-presidente Lula e de sua sucessora.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, é o terceiro indicado para o posto desde 2003. Até então, durante os oito anos anteriores houvera um único procurador-geral, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mantivera no cargo desde seu primeiro ano de governo: Geraldo Brindeiro, que passou à história como “engavetador-geral da República”.

Brindeiro arquivou, um por um, todos os processos que poderiam incomodar o presidente da República que o indicou Por isso ganhou o apelido.

Há pouco tempo, porém, durante a agonia lenta do ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, Gurgel divulgou parecer da PGR garantindo que não havia qualquer ilegalidade em seus negócios. Por conta disso, foi acusado de fraudar o parecer por ter sido indicado pelo presidente da República filiado ao partido do acusado.

O mesmo procurador-geral, porém, acaba de pedir a condenação de 36 envolvidos no escândalo do mensalão. Entre os muitos petistas acusados está outro ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, contra quem foi pedido mais de um século de prisão. Detalhe: algumas penas pedidas para os envolvidos chegam a centenas de anos.

Os mesmos que ainda ontem acusavam Gurgel de “engavetador” agora recorrem à sua peça acusatória para usá-la contra petistas. Em nenhum momento você os verá pedir desculpas, leitor. Porque não têm qualquer cuidado com a honra alheia. Mas, com fé em Deus, um dia ainda provarão do próprio remédio…

Quanto ao inquérito, que se faça Justiça. O ex-ministro José Dirceu emitiu nota dizendo que é inocente e que provará isso no Supremo Tribunal Federal, que deve apreciar a acusação do ex-engavetador que mostra que Lula e Dilma, à diferença de Fernando Henrique Cardoso, não se valeram do cargo para se colocarem, e aos correligionários, acima da lei.

Este registro tinha que ser feito em nome da honra de um homem correto como Gurgel, que pode até estar enganado em suas acusações, mas provou que apenas cumpriu seu dever ao atestar que Antonio Palocci não cometera qualquer ilegalidade no processo em que auferiu patrimônio sob anuência de uma legislação ruim, e que permanecerá intocada.