Eduardo Paes fez o que qualquer um poderia ter feito

Opinião do blog

 

A esta altura, quase todo mundo já deve saber do episódio bizarro que envolveu o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e um escritor chamado Bernardo Botkay em um restaurante naquela cidade, no qual ambos se agrediram verbal e fisicamente

Caso alguém ainda não saiba: segundo relato do também escritor Francisco Bosco, filho do cantor João Bosco, o agredido e sua esposa postaram-se ao lado da mesa de Paes e passaram a insultá-lo gratuitamente. Paes se levantou e deu um soco no agressor verbal.

Detalhe: o prefeito do Rio não conhecia (agora conhece) os que vieram agredi-lo verbalmente com expressões como “bosta” e “vagabundo”.

Não tenho boas lembranças de Paes por conta de sua atuação durante o escândalo do mensalão, quando estava no PSDB. E pouco sei de sua atuação como prefeito. Contudo, isso não importa. Se for o melhor ou o pior político do mundo, sua reação foi absolutamente natural. Estava, como cidadão, exercendo sua privacidade. Além do que, é uma autoridade.

Se alguém invadisse a intimidade de José Serra ou de Fernando Henrique Cardoso e passasse a insultá-los publicamente com termos desse jaez, eu, que sou simpatizante do PT, diria o mesmo: é um absurdo. E, em se tratando de uma autoridade, o caso é ainda pior.

Claro que violência física não é solução para nada, claro que uma autoridade deveria tentar se manter sóbria, mas uma autoridade continua sendo um ser humano.

Paes não é um criminoso, é o prefeito de uma das maiores cidades do mundo. No mínimo, merece respeito. Ninguém tem o direito de agredir ninguém verbalmente. Em público, então, e sendo desconhecido de quem agrediu verbalmente, muito menos.

Paes foi humilhado diante dos amigos, da esposa e de um monte de estranhos. Não se pode admitir isso.

Não defendo a agressão física com que Paes reagiu ao ataque, mas o que ele deveria fazer? Como se livrar de outro cliente do restaurante que interrompeu sua noite para agredi-lo? Deveria mandar seus seguranças afastar o agressor verbal?

Provavelmente, sim. E, ainda assim, seria crucificado como “antidemocrático”, pois diriam que deveria ficar ali sendo humilhado. Político, porém, continua sendo um cidadão.

Talvez Paes tenha feito exatamente o que o agressor queria. Aliás, isso é quase certo. Mas pense bem, leitor: o que você faria em uma situação semelhante? Você consegue sustentar, diante de si mesmo, que agiria diferente de Paes?

O prefeito do Rio pode ter errado. Aliás, acho que errou ao cair na provocação. Mas eu entendo perfeitamente o que ele fez. E você?