Odeia a cor vermelha? Então se mate, pois ela corre em suas veias
Ah, o vermelho! Cor da paixão, da sensualidade… Em terras bandeirantes, porém, ela gera um fenômeno curioso: leva à loucura, ao fanatismo, ao ódio extremado gente que nasceu com o intestino no lugar do cérebro.
Há uma cidade no Sudeste do Brasil em que ocorre um fenômeno impressionante. Um bando de fanáticos endinheirados passou a ter ataques histéricos ao ver a cor. São como touros, que se enfurecem ao vê-la e investem, desembestados, contra a flamula rubra.
Dizem que o vermelho é a primeira cor que os bebês enxergam. Não sei se é verdade, mas é a única cor diante da qual ninguém fica indiferente.
E não é estranho que os reacionários, carolas por natureza, tenham ódio ao vermelho? Afinal, a igreja católica usa a cor para simbolizar o sangue e a vida de Jesus. As batas dos sacerdotes católicos, o manto do altar das igrejas, tudo vermelho.
Não é curioso o vermelho gerar ódio nos descerebrados apesar de ser a cor do amor? Por isso os desenhos de corações são pintados de vermelho, por isso damos rosas vermelhas como símbolo de amor ao presenteado.
Na China, vermelho é a cor mais popular, significando alegria e fortuna. Restaurantes são decorados com vermelho, noivas se casam de vestido vermelho.
Na Índia, acreditam que o vermelho traz fortuna e prosperidade ao casamento. Vestir-se de vermelho ou pintar um símbolo vermelho na testa (bindi) sinaliza que uma mulher é casada.
Em todas as línguas existem nomes próprios que significam vermelho: Rufus, Roy, Robinson, Roger, Rudolf, Roberto, Scarlet, Ruby, Susana…
Aos supersticiosos, lembro que o vermelho é usado contra mau-olhado.
É, também, a cor do luxo – tapetes estendidos para celebridades e autoridades caminharem durante uma cerimônia são, invariavelmente, vermelhos.
Definitivamente, o vermelho é uma cor à qual ninguém fica indiferente. A fobia rubra dos fascistas de São Paulo tem até nome científico: “eritrofobia”, aversão à cor vermelha.
E os lábios femininos, hein! Quão lindos e sensuais ficam quando pintados de vermelho.
E o vermelho também é portador de boas notícias – é a cor com que escrevem preços nas vitrines durante liquidações.
O vermelho é autêntico, é uma cor nascida de si mesma. É cor primária e básica na teoria das cores e não pode ser obtida da mistura de outras cores. O vermelho é puro, não contém partículas de amarelo nem de azul.
Aliás, se você fosse comprar uma Ferrari é óbvio que ela seria vermelha.
O vermelho deixa as mulheres mais bonitas. Seja nos lábios, nas unhas ou no rosto ruborizado de uma mocinha.
Inclusive, segundo reportagem recente da BBC uma pesquisa publicada na revista científica Biology Letters analizou os efeitos da cor da roupa sobre a percepção da personalidade de uma pessoa e concluiu que homens que se vestem de vermelho passam imagem de “dominância”.
De onde vem, então, esse pavor dos paulistanos mais abastados ao vermelho, que os leva a fazer ponto na rua para agredirem moral e fisicamente qualquer pessoa que passe usando uma peça de roupa dessa cor?
O mais divertido em tudo isso é que os “vermelhofóbicos” de São Paulo estão condenados a uma ironia cruel: por mais que odeiem o vermelho ele corre em suas veias, ainda que pensem ter sangue azul.