Ministro da Justiça antecipou prisão de Palocci em comício de envolvido na Lava Jato

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Se faltava alguma coisa para a Lava Jato mostrar a cara, não falta mais. Agora, Moro, Dallagnol e cia. fazem campanha eleitoral indireta para o PSDB, prendendo seus adversários políticos com anúncio de suas prisões em comícios eleitorais.

Funciona assim: nesta segunda-feira 26, o ex-ministro Antonio Palocci foi preso durante a 35ª fase da Operação Lava Jato; no domingo, em Ribeirão Preto (SP), cidade de Palocci, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, fez campanha por Duarte Nogueira, do PSDB, e antecipou que haveria “mais Lava Jato” nesta semana:

Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem [a nova operação da Lava Jato contra petistas] esta semana, vão se lembrar de mim“, disse Moraes.

Palocci foi preso por conta de suas relações com a empreiteira Odebrecht. Segundo a Lava Jato, gastos governamentais com a chancela do ex-ministro foram feitos por conta de pagamentos da empreiteira a ele.

A acusação vaga e uma operação espetaculosa da Lava Jato, com anúncio dessa operação em um comício eleitoral, bastariam para levantar suspeita. Mas não é só isso.

O anúncio velado da prisão de Palocci nesta semana foi feito durante comício eleitoral de um sujeito envolvido até o pescoço em problemas com a Justiça. Duarte Nogueira, o político que a Lava Jato beneficiou ao prender um de seus mais importantes adversários políticos, adversário que vinha se opondo ao tucano, é uma figura carimbada em investigações de corrupção.

O ex-secretário estadual de Logística e Transportes do governo Alckmin, Duarte Nogueira (PSDB-SP), deixou o cargo recentemente após ter sido citado na Operação Alba Branca, que investiga fraude na merenda escolar em São Paulo.

Cássio Chebabi, ex-presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), apontou aos investigadores da Operação Alba Branca os nomes do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e do secretário Duarte Nogueira (PSDB) como beneficiários de uma propina de 10% sobre contratos da Secretaria de Estado da Educação no governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Porém, o político tucano que se beneficiou eleitoralmente da 35º fase da Operação Lava Jato por ser inimigo figadal de Palocci, que lidera o grupo político que mais lhe faz oposição em Ribeirão Preto, ironicamente também manteve relações suspeitas com a Odebrecht, mas, como de costume, a Lava Jato só incomoda petistas por manterem relações com empreiteiras.

Há alguns meses, o nome do então secretário de Transportes de São Paulo, Duarte Nogueira (PSDB), e da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), apareceram na superplanilha da Odebrechet divulgada pela Operação Lava Jato, contendo políticos de diversos partidos que receberam doações eleitorais de campanha da empreiteira Odebrecht.

Nogueira consta na planilha por ter recebido doações da Odebrechet nas eleições de 2010, 2012 e 2014, totalizando R$ 540 mil.

Confira as planilhas divulgadas pela Lava Jato.

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Curiosamente, os valores que a Odebrecht paga a petistas são vistos pela Lava Jato como indícios de corrupção e fazem Moro e cia. pedirem a prisão dos suspeitos antes de sequer serem julgados. Já no caso de políticos do PSDB ou do PMDB, é o contrário. Apesar das provas, sentem-se tão seguros de que não serão incomodados que chegam a debochar da lei.

É o caso de Eduardo Cunha, quem, apesar das provas materiais que pesam contra si, diz não ter um pingo de medo de ser preso pela Lava Jato e afirma que está se “divertindo muito” com as acusações que o envolvem.