Xico Calmon: Político que atacar Lula terá eleição difícil

Análise

A partir de 5 de  janeiro, o Blog da Cidadania começa a publicar textos de juristas, políticos e intelectuais de um grupo de Telegram, integrado, também, por Eduardo Guimarães.

O primeiro artigo é de Xico Celso Calmon, ex-combatente da ditadura militar, tendo atuado como dirigente e militante da AP, NML, COLINA, VAR-Palmares. Advogado e membro da coordenação da FPB-ES e do Fórum Memória, Verdade e Justiça.

O texto é uma análise política interessantíssima. Com vocês, Xico Celso Calmon.

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SALVE, SALVE, 2018

 

Xico Celso Calmon*

 

O número 8 tem especial significado na Numerologia e na Astrologia,  representa o renascimento, renovação, regeneração. Na mitologia como na astrologia a casa 8 é representada por três símbolos: o do escorpião, o da águia e o da fênix, os quais representam, respectivamente, a natureza interior, a natureza mais elevada e a natureza que renasce das cinzas e se transforma.

Em 2017 começamos a virada ao golpe de 2016: a – realizando pela segunda vez, desde a existência do Brasil,  uma greve geral no país,  após 100 anos, com  manifestações de ruas; b – Lula e as caravanas reascendendo  a esperança democrática no povo;  c – A narrativa denunciando o golpismo da TIRANIA TOGADA prevaleceu no país e no exterior, a despeito da mídia golpista; d – O Livro dos juristas, “Uma Sentença Anunciada – o processo Lula”, lançado no país e no exterior,  deu a senha para desmascarar a Lava Jato, evidenciando o caráter corrupto das delações premiadas e seus objetivos antidemocráticos, antinacionais e antipopulares; e – O PT,  no eixo da  luta de classes, orientando seus diretórios e militantes a constituírem Comitês de defesa do Lula e da democracia; f – lançamentos de Frentes na busca da unidade na práxis da luta contra o golpismo e pelo Brasil; g – a lucidez combativa dos movimentos sociais, como MTST e MST, bem como da intelectualidade – artistas, professores, juristas e cientistas; h – a virtual vitória sobre a antirreforma da Previdência.

Em 2018 estará nas mesmas mentes e corações consolidar a virada e conquistarmos a vitória nas eleições; em 2019 revogarmos as medidas de retrocesso democrático dos golpistas, prosseguirmos com  a constituição de comitês democráticos e avançarmos no empoderamento organizacional e de consciência da classe trabalhadora para a garantia da democracia.

Janeiro de 2018, dia 24, já inicia com uma das batalhas mais importantes dessa refrega contra a tirania togada.  O Lula ao ser tornado o alvo central da Lava Jato, provocou a união das forças democráticas em não permitir que seja alvejado; sua candidatura é expressão da maioria eleitoral,  impedi-la é pisotear a Constituição e fortalecer a ditadura da TIRANIA TOGADA.

A candidatura do Lula virou um ‘bunker’ da democracia à arma de guerra “lawfare”; manter o direito do povo em tê-lo como candidato é peça-chave no xadrez político da luta de classes nesta conjuntura.

Criar um, dois, centenas e milhares de comitês pela democracia em 2018.

O golpe foi dado à democracia e ao Estado de direito que a garantia.

E para quê?

Para implantar as recomendações do “Consenso de Washington”, especialmente : 1. Liberalização (para o império) do comércio exterior; 2. Investimento estrangeiro direto, eliminando as restrições (de defesa das empresas nacionais); 3. Privatização, com a venda das estatais; 4. Desregulamentação, com o afrouxamento das leis de controle do processo econômico e das relações trabalhistas.

Foi um golpe do segmento financeiro da classe dominante internacional, foi o golpe do capitalismo de choque.

A resistência ao GOLPISMO, pelas forcas democráticas nacionais e internacionais, por um lado , e, por outro, o desmascaramento do caráter partidário e corruptor (delação premiada) da ‘lava jato’ e os efeitos perversos nas classes trabalhadoras das contrarreformas do governo ilegítimo,  acrescido das consequências deletérias da gestão econômica, têm permitido o PT voltar a ocupar um papel importante na arena política, está nas suas rédeas repetir o modelo anterior de alienação da classe trabalhadora ou incrementar um modelo cujo eixo central seja a luta de classes.

O tempo não para e a antes camuflada operação ‘lava jato’ despiu-se e escancarou para todos  que a continuidade  do golpe só poderia,  ou o correto, só poderá prosseguir se o Lula não for  candidato à presidência neste ano.

Lula passou a ser, sem disfarces, o alvo da ‘lava jato’. E as favas jogam a Constituição e as leis para torná-lo impedido de ser candidato,  e, se não conseguirem, emendar, a qualquer custo, a Constituição brasileira e tornar o sistema de governo Parlamentarista.

A quadrilha golpista não tem as forças dos tanques e dos fuzis, ela tem a Toga que usa das leis, de maneira tirânica e capciosa, como arma de guerra, conhecida como “lawfare”, contra a democracia, a soberania e o patrimônio pátrio, e, para tanto, desconstrói o Direito, sem pudor, com ou sem os “acidentes” para eliminação de obstáculos.

Ao tornar Lula o alvo, tornou-o também, ao sentimento do povo, numa vítima, e  o sentimento de justiça da sociedade tem levado cada vez mais a depositar  a sua solidariedade escolhendo-o nas pesquisas como o candidato vencedor.

O tempo não para e 2018 é ano de eleições gerais, no qual o parlamentar golpista terá que prestar contas com o seu eleitorado; eleitorado majoritariamente lulista (pelas pesquisas), então, a arma de guerra da tirania togada dispara e marca o julgamento do Lula para o dia 24 de janeiro, numa velocidade processual jamais vista, nem na ditadura militar.

Com tal disparo, chamou as forças democráticas para uma batalha em campo aberto, pode ser até pré insurrecional, tudo dependerá da ousadia da Toga, o certo é que os resistentes estarão presentes, eu junto.

Que venha 2018, pois estamos com sede de JUSTIÇA.

Mas não basta, é preciso que a indignação ao golpismo e a esperança que a candidatura Lula traz, seja precedida e procedida de organização basal (comitês) e consciência emancipadora da classe trabalhadora.

Que venha 2018, pois estamos com fome de DEMOCRACIA, democracia esteada pelo  povo.

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Xico Celso Calmon é ex-combatente da ditadura militar, tendo atuado como dirigente e militante da AP, NML, COLINA, VAR-Palmares. Profissional de Administração de Empresas, públicas e privadas, Advogado e Analista de TI. É membro da coordenação da FPB-ES e do Fórum Memória, Verdade e Justiça. Autor dos livros “Sequestro Moral e o PT com isso”, e “Combates Pela Democracia”, e coautor dos Livros “Resistência ao golpe de 2016” e “Uma Sentença anunciada – o processo Lula”.