Site do exército divulga conteúdo político contra Lula
O site do “Exército Brasileiro”, todo em verde-oliva, vem divulgando caudaloso conteúdo político. Em 9 de janeiro de 2018, a matéria principal dizia que o mercado financeiro está em festa por conta da expectativa da condenação de Lula no próximo dia 24, no TRF4.
Os textos são redigidos sem assinatura, são apócrifos. Eis os dois primeiros parágrafos
“Os mercados financeiros no Brasil começaram a segunda semana do ano ainda em tom positivo. O real segue próximo às máximas em um mês, enquanto uma medida de risco no mercado de juros caiu ao menor patamar desde novembro. O Ibovespa continua a desafiar previsões céticas e se aproximou mais do inédito patamar de 80 mil pontos. O bom desempenho das praças locais se apoia em expectativas quanto à eleição presidencial e também no exterior, onde ativos de risco mantêm a trajetória ascendente que marcou o ano passado. Mas analistas alertam que muito das boas notícias já estão nos preços, o que aumenta riscos de um “desconto” nos mercados no caso de frustrações.
O grande ponto de atenção do mercado atualmente – e no qual agentes financeiros têm se apoiado para manter o bom humor – é o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que pode impedir o petista de concorrer à eleição presidencial de 2018. Sem Lula, o mercado aposta na vitória de um candidato de centro-direita, mais favorável à continuação de medidas de ajuste macroeconômico, como a reforma da Previdência”
O site também divulga um clipping dos grandes jornais, somente conteúdo político e sobre economia.
Em entrevista recente, o ex-chanceler Celso Amorim explicou por que militares não podem nem devem falar de política e dar pitacos sobre economia publicamente.
“Vemos militares dando opinião favorável às privatizações no Brasil. Isso é surpreendente”, diz o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente.
Celso Amorim se refere às declarações recentes dadas pelo general Sérgio Westphalen Etchegoyen, ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que defendeu o processo de privatizações que vem sendo levado a cabo pelo presidente golpista, Michel Temer (PMDB).
Amorim, no entanto, aponta que a questão não é a defesa das privatizações, mas o fato de pessoas do alto-comando do Exército virem a público dar opiniões sobre política. “Ainda que fosse contra as privatizações, isso seria errado”, defende o ex-ministro.