Por Eduardo Guimarães

Quando vi a chamada na primeira página da Folha de São Paulo deste domingo (13/1) para artigo de William Waack intitulado “Há racismo no Brasil, mas eu não sou racista”, logo pensei que viria por ali um pedido de desculpas e uma promessa de repensar a própria postura e filosofia de vida. Doce engano. Waack vomitaria mais arrogância e preconceito.

Há um ponto do artigo de Waack – que será reproduzido após o comentário do blogueiro – muito mais importante que o monte de baboseiras e caradurismo que ele despejou no jornal supracitado. Mas, antes, comento o teor da defesa que ele fez de si mesmo.

Em primeiro lugar, Waack se deu a contar a mesma (agora sim) piada que todo racista conta ao ser pego em flagrante ou ao se revelar inadvertidamente ou, até, propositalmente. Repetiu o “pacote” completo: disse ter “amigos negros” e que, ao proferir seu racismo, estaria “brincando”, seu ataque sórdido aos afrodescendentes teria sido “uma piada”.

Se Waack não sabe que racismo não tem graça alguma, que bilhões de seres humanos sofrem todos os dias com essa vilania nos quatro cantos da Terra, isso se deve ao seu racismo explícito, escrachado e burro.

Mas não poderia faltar arrogância a esse indivíduo. Não contente em insultar a inteligência dos que ficaram chocados com seu preconceito descontrolado, Waack tratou de insultar quem o criticou.

Acusou os críticos que protestaram contra ele na internet de “radicalismo obtuso e primitivo”, chamou-os de “canalhas do linchamento”, tentou ensinar como “elevar o nível de educação política e do debate” – justo ele!

Ao fim do texto, Waack parece ter um surto de lucidez ao dizer que não deveria ter confundido “um pensamento verdadeiramente racista como uma piada”. Aí ele acerta, mas sem se dar conta de que só foi assolado pelo “pensamento verdadeiramente racista” e o achou “engraçado” simplesmente porque ele é, sim, racista.

Dito tudo que era necessário sobre a manifestação tardia de Waack, vale atentar para uma informação surpreendente – ou nem tanto – que fez sobre a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia. Confira a reprodução textual do que ele disse.

“Prostrar-se diante deles [ os tais “canalhas do linchamento”] significa não só desperdiçar uma oportunidade de elevar o nível de educação política e do debate, mas, pior ainda, contribui para exacerbar o clima de intolerância e cerceamento às liberdades – nas palavras, a quem tanto agradeço, da ministra Cármen Lúcia, em aula na PUC de Belo Horizonte, ao se referir ao episódio”.

O único comentário que tenho a fazer sobre o apoio que o racista e arrogante William Waack  recebeu daquela que, por força do cargo, acima de todos os brasileiros deveria resguardar uma lei que considera racismo um crime, é o seguinte: por que  não me surpreendo?

Confira, abaixo, o artigo de William Waack na  Folha de São Paulo de 14 de janeiro de 2018.

Se Waack tivesse tido coragem de ir ver quem dizia o que dele, poderia usar o vídeo mais visto na internet sobre o episódio em que se envolveu. Com 1.594.861 visualizações, o vídeo do Blog da Cidadania sobre o caso William Waack conta milhares de comentários, boa parte de pessoas negras relatando casos de racismo que sofreu de gente como ele. 

Republico, abaixo, aquele vídeo.

 

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