Carnaval 2018 criticou a “onda conservadora” no país
As escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro encerraram na manhã desta terça-feira (13/2) os desfiles do Carnaval deste ano com fortes críticas à corrupção, à violência e à onda conservadora que atinge o país.
Além da tão propalada Paraíso da Tuiuti, a Beija-Flor também enveredou pelos temas.
Ó pátria amada, por onde andarás? Seus filhos já não aguentam mais! Você que não soube cuidar”, repetia o samba da Beija-Flor, que concluiu os dois dias de espetaculares desfiles no Sambódromo.
Inspirada em Frankenstein, romance que completa 200 anos, a escola de Nilópolis quis ilustrar o “monstro” corrupto, abandonado e intolerante que é o Brasil atual.
A intolerância racial, religiosa e sexual também ganhou espaço neste duro e teatralizado desfile da Beija-Flor, que contou com a participação da cantora Pabllo Vittar em um carro em defesa dos direitos LBGT. “Esse desfile fala muito do Brasil. Estamos muito mal. E os políticos vão ter que começar a ver que o povo não está satisfeito. Oxalá que a situação melhore”, declarou à AFP Tulio Silva, um empresário de 43 anos, fantasiado de “político vampiro”.
O espetáculo da Beija-Flor encantou os mais de 70.000 espectadores no Sambódromo, que também vibraram com os coloridos desfiles da Portela e da bateria “furiosa” do Salgueiro e sua homenagem à mulher negra.
Em sua noite de estreia, as escolas que desfilaram já haviam trazido boas doses de crítica social. Assim, o presidente Michel Temer foi encarnado por um vampiro corrupto na Paraíso do Tuiuti, enquanto o prefeito Marcelo Crivella foi representado por um boneco de Judas na Mangueira. Crivella foi um dos alvos principais, criticado por cortar pela metade a verba destinada às escolas de samba.
O grito “fora Crivella!” foi ouvido com frequência nos últimos dois dias dentro e fora da Sapucaí, porque o Carnaval, além de atrair 1,5 milhão de turistas e gerar mais de 1 bilhão de dólares para a cidade, representa uma trégua às tragédias diárias do Rio, mergulhado em uma grave crise econômica e de violência.