Editorial da Folha sobre corrupção no metrô não cita Alckmin
A Folha de São Paulo publicou um editorial perfeito no diagnóstico de como a corrupção no metrô de São Paulo foi grande, BILIONÁRIA e como prejudicou a população paulistana.
Didático, o editorial explica por quais meios os sucessivos governos do PSDB em São Paulo prejudicaram os cidadãos, mas só cita quem foram os governantes uma vez, dizendo que os casos de corrupção ocorreram nos governos Geraldo Alckmin e José Serra.
Em nenhum momento o editorial cobra responsabilidade dos dois governadores. Todos sabem como são os editoriais da Folha sobre casos de corrupção em governos petistas – o titular do governo é sempre acusado.
Provavelmente, a Folha deve achar que Alckmin e Serra “não sabiam” da corrupção em seus governos. Na imprensa paulista, governante tucano tem o direito de não saber de tudo que se passa em seu governo. Petista, não.
Leia essa peça político-partidária que a Folha chama de “editorial”
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FOLHA DE SÃO PAULO
Editorial
Trilhos tucanos
Há desmandos e trapalhadas de todos os tamanhos na gestão dos sistemas
20.abr.2018 às 2h00
EDIÇÃO IMPRESSA
Seja no aspecto da ética e da probidade, seja no da eficiência gerencial, a gestão dos sistemas metroviário e ferroviário constitui um calcanhar de Aquiles dos governos do PSDB que se sucedem no estado de São Paulo desde os anos 1990.
O caso mais escandaloso, sem dúvida, é a denúncia, ainda em andamento no Judiciário, de um cartel de fornecedores que teria manipulado licitações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de 1998 a 2008. Há, no entanto, desmandos e trapalhadas de todos os tamanhos.
Parte considerável deles se encontra na linha 5-lilás do transporte metroviário na capital paulista. Na quarta-feira (18), o presidente da empresa e cinco antecessores se tornaram réus, sob acusação de improbidade administrativa, em razão da compra de 26 trens, em 2011, para operar no trecho.
O equipamento, que custou R$ 615 milhões, permaneceu sem uso por anos, encostado em pátios e exposto aos efeitos do clima e à ação de vândalos —sem falar na contagem do prazo da garantia oferecida pelo fabricante.
O motivo foi que a linha não estava concluída; aliás, os trabalhos prosseguem ainda hoje. Os trens, ademais, não se encaixam nos trilhos das demais linhas da cidade.
Descalabros não são novidade na 5-lilás. Em 2010, esta Folha soube com seis meses de antecedência o resultado de uma licitação, aberta na gestão de José Serra, para obras no valor total de cerca de R$ 4 bilhões (mais de R$ 6 bilhões atualmente, em valores corrigidos).
A reportagem sobre o episódio suscitou processo que levou à condenação em primeira instância, em fevereiro deste ano, do atual chefe de gabinete da prefeitura paulistana, Sérgio Avelleda, que comandou o Metrô de 2011 a 2012, no governo Geraldo Alckmin.
Avelleda também figura entre os réus da ação relativa às perdas com a aquisição dos trens. Desta lista consta ainda o atual secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni.
É cedo, decerto, para falar em responsabilidades individuais. Ao todo, os acusados presidiram a empresa ao longo de uma década, com diferentes graus de ação ou omissão —tudo a verificar— no caso. A secretaria de Pelissioni, registre-se, considerou a ação descabida.
Fato é que os prejuízos e atrasos estão à vista de contribuintes e usuários paulistas. O conjunto da obra, inegavelmente, mostra-se negativo para a administração tucana.
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