Álvaro Dias doou R$ 875 para delegado que atacou acampamento pró-Lula

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A campanha de 2014 do senador Álvaro Dias (Podemos), hoje candidato à Presidência, doou R$ 875 em recursos estimáveis para a campanha do delegado Gastão Schefer Neto, 45, então candidato a deputado federal pelo PR. À época, Dias integrava o PSDB.

Delegado da Polícia Federal, Schefer quebrou, na manhã desta sexta (4), o equipamento de som utilizado por apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).

Recursos estimáveis são receitas recebidas diretamente pelos candidatos ou partidos, por bens ou serviços prestados, mensuráveis em dinheiro, mas que não são doações financeiras. É o caso de alguém que doa, por exemplo, gasolina para ser utilizada na campanha eleitoral.

Em 2014, Schefer conseguiu cerca de 23 mil votos e se tornou suplente. Ele já foi diretor da ADPF-PR (Associação dos Delegados da Polícia Federal do Paraná).

Após o ataque ao acampamento Lula Livre, o delegado teria dito que estava nervoso e com dificuldades para dormir. Ele mora na rua Franco Giglio, na região da Polícia Federal.

Na prestação de contas de sua campanha, Schefer avaliou sua casa em R$ 80 mil. Em sites de venda de imóveis, as casas no local variam de R$ 200 mil a R$ 3 milhões.

Em seu perfil no Facebook, o delegado faz “check-in” em uma igreja batista e curte a página do Papa Francisco. Ele também segue páginas da pistola taurus 938, de um clube de tiro, da campanha do armamento, de uma empresa de venda de armas, do exército e do Partido Militar Brasileiro.
Entre os grupos que participa, estão “Curitiba contra o PT”, “Pena de morte sim” e “A nossa bandeira não é vermelha”.

Na esfera política, o delegado gosta da atual governadora Cida Borghetti (PP), de seu marido Ricardo Barros (PP), ex-ministro da saúde, do ex-governador Beto Richa (PSDB), do deputado federal Marco Feliciano (PSC) e do presidenciável Flávio Rocha (PRB).

No mundo artístico, Schefer é fã do cantor Lobão e do apresentador Danilo Gentili.
Em entrevista a uma rádio em 2014, o delegado defendeu o armamento do “cidadão de bem”, evocando Hitler nos argumentos.

“Hitler foi um dos primeiros a fazer desarmamento da população. Tirando as armas da população fica fácil de pegar e atacar, fazer o que quiser”, disse.

Questionada por jornalistas, a Polícia Federal disse que o ataque ocorreu fora da PF e que não tem relação com o cargo do delegado. “Problemas decorrentes de morar na vizinhança, nada a ver com PF. Eventual apuração cabe à PC [Polícia Civil].”

A Polícia Militar, no entanto, diz que os envolvidos foram encaminhados à PF, que teria assumido a ocorrência.

A organização do acampamento Lula Livre, por sua vez, já afirmou que registrará ocorrência na 4ª DP.

Com informações da Folha