Ministro da segurança diz que não será possível controlar influência das milícias nas eleições
Questionado, Jungmann assumiu que as milícias e o tráfico de drogas no Rio de Janeiro “continuarão” a ter influência sobre o processo eleitoral em 2018.
“Não foi possível nesse tempo, de 90 dias da intervenção, eliminar aquilo de que temos aproximadamente um milhão de cariocas que vivem num regime de exceção”, classificou o ministro, sobre os que estão “sob o controle do tráfico, da milícia e do crime organizado”.
“Isso ainda vai se perpetuar por essa eleição”, reconheceu Jungmann, ressaltando, no entanto, que a Segurança nacional prepara um aparato para tentar “reduzir e minimizar essa influência e denunciar aqueles que se possa provar que provêm das milícias ou delas são aliados”
“Há um grupo especial no Tribunal Superior Eleitoral que reúne setores da Polícia Federal, das forças armadas e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), para fazer um filtro e identificar os que estarão ligados a essas milícias”, informou.
O ministro Raul Jungmann afirma que a eficácia da intervenção federal no Rio, que começou em 16 de fevereiro e completará três meses na próxima semana, é como um “copo meio cheio, meio vazio”.
“Você não sai da situação trágica que se formou, refunda polícias e reestrutura, recicla, prepara e estrutura todo o aparato policial e de segurança do Rio de Janeiro em 90 dias”, ponderou Jungamnn, destacando que “não há nem de longe uma sensação de que se universalizou a percepção de que as coisas”.
O ministro da Segurança disse, porém, que se reuniu nesta quinta (10) com o presidente Michel Temer, o interventor, general Braga Netto, o secretário de segurança do Estado, general Richard Nunes, e outros quatro ministros e antecipou o teor dos números que deverão ser apresentados pelo governo nos próximos dias. Jungmann disse que há dados “de uma melhoria sensível em termos estatísticos no que diz respeito a diversos crimes que acontecem no Rio de Janeiro”.
Sobre a parte “meio vazia” do copo, o ministro reconhece que ainda ocorrem “tiroteios esparsos” no Estado fluminense, além de “certas crises”, com roubos e “muitas vezes até um arrastão”.
Já a respeito dos “sinais de mudanças” que a intervenção federal teria trazido, Jungmann citou a “reestruturação do sistema penitenciário”, as “mudanças dos comandos” e a “atuação das polícias não aleatoriamente, mas a partir da mancha criminal”.
“Gradativamente o copo vai enchendo e os resultados vão se tornar perceptíveis, universalizáveis junto à população do Rio de Janeiro”, prometeu.