Crise política manterá instabilidade no mercado financeiro

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A disparada de 7% do dólar ante o real em maio levou ativos ligados ao câmbio a liderarem o ranking de investimentos da Folha, enquanto os atrelados a ações ficaram na lanterna, puxados pela baixa de quase 11% da Bolsa no mês –7,6% só nas duas últimas semanas de maio, marcadas pela paralisação de caminhoneiros.

E analistas apontam que essa escalada da moeda americana e a volatilidade do mercado acionário devem continuar ditando o ritmo do mercado financeiro por aqui nos próximos meses. “Houve volatilidade, pouca previsibilidade, mas também há oportunidades”, diz Lucas Claro, analista da Ativa Investimentos.

Opção para o investidor que quer aplicar em moeda estrangeira, os fundos cambiais se valorizaram 4,19%, após desconto de Imposto de Renda de 15%, que incide em resgates realizados depois de 720 dias.

O dólar iniciou maio cotado a R$ 3,50 e fechou em quase R$ 3,73. Investidores estão à espera de juros maiores nos Estados Unidos em junho, após o Federal Reserve (o Fed, banco central americano), anunciar manutenção das taxas no início do mês passado.

O Fed prevê atualmente mais dois aumentos neste ano, mas um número crescente de especialistas vê três como possível –probabilidade que passou de 45% no início do ano para 78% agora, segundo cálculos da Bloomberg.

Influenciado até o momento basicamente pelo cenário externo, o dólar pode avançar mais sobre o real se a instabilidade política se aprofundar.

“Se de fato confirmarem uma alta além das esperadas nos juros dos EUA e ainda com as incertezas eleitorais por aqui, até outubro o dólar deve subir muito. Não descartado que bata R$ 4”, afirma Claro.

Na outra ponta do ranking de investimentos, os fundos de ações indexados, alternativa para quem quer aplicar em Bolsa, recuaram 8,3%.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, já vinha em baixa com investidores saindo de países emergentes, tidos como de maior risco, em busca de rentabilidades maiores nos EUA.

Em meados de maio, o mercado acionário foi impactado também pela manutenção da Selic (a taxa básica de juros) em 6,5% ao ano. Juros maiores diminuem o apetite do investidor por risco e tornam ativos de renda fixa mais atrativos.

A última pesquisa Focus, do Banco Central, apontou que o mercado vê a continuidade da Selic em 6,5% até o fim do ano, mas já há quem preveja elevação para 7% em outubro.

O grande golpe na Bolsa, porém, foi o movimento de caminhoneiros, que paralisou empresas, derrubou os papéis da Petrobras e culminou com a troca de comando na estatal na última sexta-feira (1º).

Em um contexto de extrema volatilidade, o investidor precisa ter claro seu objetivo para definir próximos passos.

“Se a intenção é usufruir do dinheiro daqui dois meses ou até o final do ano, o mais indicado é ser conservador e optar por um Tesouro Selic ou um fundo de renda fixa com taxa de administração abaixo de 0,5%”, orienta Vinicius Maeda, diretor de relações com investidores da Magnetis. Se o horizonte for mais longo, diz ele, é possível diversificar as aplicações.

Para quem quiser investir em ações, a recomendação é que ainda assim procure papéis mais resilientes.

“Pode ser interessante buscar setores em que é possível ter uma maior previsibilidade das receitas futuras da empresa, companhias que pagam mais dividendos, evitando os segmentos cíclico”, diz Filipe Villegas, analista de ações da Genial Investimentos.

Com informações da Folha