Quem repara o que Gleisi Hoffmann sofreu?
As duas absolvições da presidente do PT, senadora Gleisi Hofmann, pelo STF levantam uma questão fundamental: pessoas acusadas injustamente, as quais, frequentemente, têm suas vidas destruídas, uma vez inocentadas não deveriam ser indenizadas pelo sofrimento causado?
A presidente do PT foi acusada de receber propina no valor de R$ 1 milhão com valores que teriam sido desviados da Petrobras para financiar sua campanha ao Senado em 2010. Também foi acusada de “caixa 2”. Foi absolvida de ambas as acusações.
Gleisi Hoffmann sofreu incontáveis agressões no período em que respondeu aos processos pelos quais foi absolvida. Por exemplo, teve que ingressar com queixa-crime contra uma cidadã que a ofendeu durante um voo comercial, no Aeroporto Internacional de Brasília, em dezembro de 2017.
No episódio, a paranaense Cirlene Lourenço da Silva questiona a parlamentar sobre a devolução de dinheiro dos aposentados e pensionistas do Brasil. “Conta para nós aí. 2018 está chegando e a senhora será jogada na lata do lixo. O povo paranaense não quer olhar na sua cara”, esbravejava a mulher no vídeo, que obteve 20 milhões de visualizações no YouTube.
Na gravação, a acusada classifica a parlamentar de “ladra”, “corrupta” e “lixo”. Um homem identificado como assessor da senadora também aparece nas imagens, tentando segurar a indignada cidadã. “A senhora nos envergonha”, disparou a mulher contra Gleisi Hoffman, antes de ser aplaudida por passageiros.
Confira a agressão
Seria necessário um livro para relatar tudo que essa mulher sofreu ao longo dos últimos anos. Humilhações, calúnias, deboches, cerceamento do direito de ir e vir, misoginia, machismo… Tudo isso foi causado pelo Estado brasileiro e pelos meios de comunicação.
O mais revoltante é que não se tem notícia de sofrimento igual imposto a criminosos com culpa evidenciada por fartura de provas, como no caso de outro senador, Aécio Neves, contra quem existe até áudio com pedido de propina gravado sem que esses meliantes que agrediram Gleisi tenham feito uma só agressão.
Note-se que, para que o caso de Gleisi tenha tido uma absolvição unânime contra a denúncia por corrupção, é preciso que tenha sido uma denúncia absolutamente inepta da procuradoria. No caso, trata-se de um ataque político usando os poderes de Estado.
O nome disso vem se tornando eminente pela sua versão na língua inglesa: lawfare.
Esse tipo de crime precisa ser tipificado e inserido no código penal, pois vem ceifando vidas e reputações para que procuradores e juízes possam posar de “super-heróis” e receberem homenagens injustas por suas perseguições políticas.