Adversários de Bolsonaro participarão de ato de mulheres contra ele
Em mais uma estratégia para tentar desgastar a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), líder isolado das pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, seus principais adversários aderiram nos últimos dias ao movimento #Elenão, liderado por mulheres e contrário ao deputado.
O eleitorado feminino – que representa 52% do total de eleitores – se tornou uma barreira a Bolsonaro. O índice de rejeição ao capitão da reserva entre as mulheres chegou a 54% na mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo – entre os homens este índice é de 37%.
O candidato do PSL é réu de uma ação penal por incitação ao estupro e já fez declarações polêmicas envolvendo mulheres. Disse, por exemplo, que não vê problema no fato de mulheres ganharem salários menores do que os dos homens.
No sábado, estarão presentes no ato programado no Largo da Batata, na capital paulista, Boulos e a candidata a vice na chapa do PT, Manuela d’Ávila (PCdoB). Os demais estudam participar ou enviar representantes.
Criado no início do mês, o grupo “Mulheres unidas contra Bolsonaro”, o principal desse movimento nas redes sociais, soma 3,2 milhões de participantes. De lá para cá, ganhou notoriedade progressiva e chegou a ser hackeado no dia 16 – foi transformado em “Mulheres com Bolsonaro”. No fim de semana estão previstos atos em 24 Estados e em outros dez países.
A ida ao protesto não é consenso nas campanhas de Ciro e Marina. O receio é de que a participação deles possa transmitir a ideia de “instrumentalização” eleitoral do ato. O evento não está previsto na agenda do candidato do PDT. Já na campanha da Rede, interlocutores afirmam que Marina, como a única candidata na disputa, tem legitimidade para participar.
Entre os candidatos que representam o campo antipetista, Alckmin é o que mais busca claramente se favorecer do movimento. No programa eleitoral do tucano, é exposta a frase: “Ele não (em menção a Bolsonaro). Geraldo Alckmin, sim”.
Ao longo de cinco minutos e meio, a campanha de Alckmin ainda cita que apoiadores de Bolsonaro atacam e querem tirar, das redes sociais, o perfil “Mulheres unidas contra Bolsonaro”. Também usa declarações polêmicas de aliados e do próprio deputado, como quando ele chama uma repórter de “analfabeta” e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) de “vagabunda” ou afirma que “ninguém gosta de homossexual, só suporta”.
A frase do general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa de Bolsonaro, na qual afirmou que famílias apenas com mães e avós são “fábricas de desajustados” também é destacada como “alerta” para as mulheres.
Marina tem usado, em suas redes, a hashtag #Elasim, em analogia ao movimento feminino espontâneo que já conta com a adesão de mais de 3 milhões de perfis no Facebook e contrário a Bolsonaro. A hashtag da presidenciável alcançou os trending topics do Twitter na semana passada.
Para Marina, o eleitorado feminino é especialmente importante. Primeiro, porque pesquisas mostravam, antes de a candidata começar a cair nas pesquisas, uma liderança sua neste segmento. Segundo, porque as mulheres ainda representam a maior parte do voto indeciso, especialmente as que têm mais de 40 anos e ganham até dois salários mínimos.
Se Ciro tem usado com parcimônia o tema em sua conta oficial de Twitter, a vice em sua chapa, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), tem sido mais direta. Embora não confirme a participação nos atos de sábado, ela já usou material relativo à campanha #Elenão, demonstrou apoio à cantora Marília Mendonça (que sofreu ameaças depois de apoiar o #Elenão) e postou um meme invertendo o mote do movimento, o #Elesim e uma foto de Ciro. A presença dele nos atos não está prevista.
Do Estadão.