Bolsonaro e Haddad podem empatar no segundo turno
Pesquisa DataPoder360 nos dias 19 e 20 de setembro de 2018 (últimas 4ª e 5ª feiras) indica que Jair Bolsonaro (PSL) tem 26% das intenções de voto para presidente. Fernando Haddad (PT) registra 22%.
Trata-se de situação de empate técnico no limite da margem de erro, que é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
A pesquisa do DataPoder360 é realizada por meio de ligações para telefones celulares e fixos (a metodologia detalhada está no final deste post).
A metodologia não exclui nenhuma classe social. Cerca de 90% dos brasileiros têm acesso a telefone. O sistema faz discagens aleatórias e de maneira parametrizada para atingir comunidades de todas as classes sociais –pois cada telefone está atribuído a 1 CEP e assim é possível atingir áreas de alto, médio e baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
O DataPoder360 não pesquisou em seus levantamentos anteriores uma combinação com os atuais 13 candidatos a presidente. Por essa razão, não é possível fazer a curva evolutiva para cada 1 deles.
É possível analisar, entretanto, o Agregador de Pesquisas do Poder360 e ver a curva de todos os candidatos na média das pesquisas de todas as empresas.
CIRO GOMES: FORTE COM 14%
O candidato do PDT mostra resiliência. Vá ou não para o 2º turno, terá relevância no processo até o final.
Em muitas eleições presidenciais brasileiras houve pelo menos 3 candidatos bem posicionados até a reta final do 1º turno. Eis exemplos recentes:
- 2002 – no 1º turno, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve 46,4%. José Serra (PSDB), 23,2%. Anthony Garotinho (PSB), 17,9%. Ciro Gomes (à época no PPS) ficou em 4º lugar e teve 12% –em 2002 foi a última vez que o cearense disputou o Planalto;
- 2010 – essa eleição teve 3 candidatos fortes. No 1º turno, Dilma Rousseff (PT) ficou com 47%. O tucano Serra teve 32,6%. E Marina Silva (então no PV) marcou 19,3%;
- 2014 – novamente 3 nomes competitivos no 1º turno. Dilma marcou 41,6%. Aécio Neves (PSDB) teve 33,6%. Marina Silva (no PSB) ficou em 3º lugar com 21,3%.
Agora, em 2018, a duas semanas do pleito, parece que os 3 nomes fortes já estão definidos pelo eleitorado: Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT).
CERTEZA DO VOTO
Segundo o DataPoder360, já há ¾ dos eleitores que dizem ter certeza do voto. Os outros são os que tendem a votar em branco, nulo ou a não aparecer no dia 7 de outubro. Vai ficando cada vez mais difícil mudar o quadro.
Uma das formas de medir a cristalização do voto é o percentual que cada candidato tem de “votará com certeza”. Essa métrica é apurada pelo DataPoder360 quando se pergunta –depois de aplicar o cenário com os 13 nomes que disputam o Planalto– se o eleitor tem certeza de que vai votar no político escolhido no dia da eleição ou se ainda pode mudar de opinião.
No caso de Bolsonaro a taxa “votará com certeza” entre seus apoiadores é de expressivos 90%. Isso significa que é muito difícil para adversários tirarem votos do capitão do Exército na reserva.
Vale registrar: a pesquisa do DataPoder360 terminou no início da noite de 5ª feira (20.set.2018), quando o tucano Geraldo Alckmin já havia adotado o tom mais forte nos seus comerciais para tentar desconstruir a imagem de Bolsonaro.
O levantamento do DataPoder360 também já captou o noticiário negativo a respeito da recriação da CPMF caso Bolsonaro seja eleito –política que ele negou que vá adotar.
Por enquanto, mesmo sendo alvo de comerciais e noticiário negativos, Bolsonaro parece continuar sólido com seus 26% –sendo que 90% desses eleitores dizem já estar decididos a ir até o fim com o militar.
Só por curiosidade, mas não para comparação, no cenário de 24 a 27 de agosto do DataPoder360, ainda com Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do PT, Bolsonaro pontuava 21%.
Outro candidato que tem pontuação sólida nesta rodada de agosto do DataPoder360 é Fernando Haddad, com seus 22%. Desses, 84% afirmam que não mudam mais de opinião e vão mesmo votar no candidato petista em 7 de outubro.
Obviamente, o DataPoder360 mede a “certeza do voto” para todos os candidatos a presidente. No caso dos que pontuam muito pouco faz pouca diferença se seus eleitores votam ou não com certeza neles –pois terão pouco impacto no resultado final do pleito.
ALCKMIN E MARINA: FRÁGEIS
Chama muito a atenção o caso de Geraldo Alckmin (PSDB). Ele tem a maior aliança partidária e o maior tempo no horário eleitoral. Ainda assim, o tucano tem só 6% de intenção de voto –e 25% desses eleitores cogitam abandoná-lo antes do 1º turno.
Marina Silva (Rede) pontua só 4%. Ocorre que 30% dos seus atuais seguidores dizem que podem mudar de opinião nas próximas duas semanas.
SIMULAÇÕES DE 2º TURNO
O DataPoder360 fez 4 testes de 2º turno. A opção foi simular o 1º colocado (Bolsonaro) contra os outros mais competitivos neste momento.
O militar fica à frente numericamente de Alckmin e de Marina, mas empatado na margem de erro da pesquisa.
Contra Haddad, o placar é de 43% para o petista e 40% para Bolsonaro. Há aí também uma situação de empate estatístico –a margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Já Ciro Gomes é o único, de acordo com o DataPoder360 que hoje venceria Bolsonaro num confronto direto de 2º turno: 42% a 36%. Não há empate nesse caso. O pedetista ganharia de maneira clara se a disputa fosse hoje.
VOTOS DOS DERROTADOS NO 2º TURNO
Há 1 cruzamento que é útil para entender quem poderá no 2º turno herdar votos dos candidatos derrotados.
Num hipotético 2º turno entre Bolsonaro e Haddad, o militar herdaria mais votos de Alckmin, Henrique Meirelles (MDB), João Goulart Filho (PPL), Cabo Daciolo (Patri), João Amoêdo (Novo) e Guilherme Boulos (Psol).
Para ficar nos candidatos de campanhas mais estruturadas e com maior pontuação, dos eleitores do tucano Alckmin, 47% dizem que votariam em Bolsonaro no 2º turno e só 19% iriam de Haddad.
No caso de Marina Silva, 30% votam em Haddad e 13% em Bolsonaro.
VOTO POR GÊNERO
Outra tabela a ser considerada é a demografia do voto de Bolsonaro e Haddad quando o DataPoder360 faz a simulação de 2º turno.
Dá-se 1 fenômeno interessante na divisão do voto por gênero.
Num eventual 2º turno entre Haddad e Bolsonaro, o militar deixa de ter a grande assimetria entre eleitores homens e mulheres –suas taxas no segundo turno são 41% e 39%, respectivamente.
Na simulação de 1º turno Bolsonaro tem 32% entre homens e só 21% entre mulheres.
Agora, a divisão do voto para a simulação de 2º turno entre Bolsonaro e Haddad. Vale destacar o voto por região. O militar ganha nesse confronto direto com petista no Sul e no Centro-Oeste, empata no Sudeste e perde no Norte e no Nordeste.
DEMOGRAFIA DO VOTO
Além de investigar o voto dividido por gênero, o DataPoder360 também estuda as variáveis por idade, renda familiar, nível de escolaridade e região.
Quando são considerados os dados da simulação de 1º turno, Bolsonaro se dá melhor entre eleitores de 16 a 24 anos (31%), os de nível superior (40%), os da região Sul (36%) e Centro-Oeste (43%) e os que têm renda familiar de 5 a 10 salários mínimos (51%).
Haddad tem suas melhores pontuações com jovens de 16 a 24 anos (27%), eleitores com nível de escolaridade de nível fundamental (29%), os do Nordeste (32%) e os que não têm renda fixa na família (29%).
Do Poder360.