Votos brancos e nulos ajudam a manter tudo como está: um caos

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Eleger o presidente, os deputados e os senadores comprometidos com os interesses dos trabalhadores é a principal forma que a população terá de desfazer medidas que atingiram direitos básicos como saúde, educação e segurança, na avaliação de João Pedro Stédile, da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em entrevista ao Brasil de Fato, ele avalia que o voto nulo e em branco só interessa a quem quer manter a crise em que
o país se encontra.

Brasil de Fato: Qual é a importância das próximas eleições?
João Pedro Stédile: Nunca tinha ocorrido em eleições uma situação tão clara de luta de classes. De um lado a burguesia precisa eleger seus candidatos para dar legitimidade ao golpe, seguir aplicando o plano de jogar todo o peso da crise econômica sobre as costas da classe trabalhadora, tirando direitos dos trabalhadores e se apropriando dos recursos públicos que deveriam ir para moradia, reforma agrária, educação e saúde. E seguir entregando nossas riquezas naturais para seus aliados: o capital estrangeiro e o governo dos Estados Unidos. Por isso, temos que eleger Fernando Haddad e uma forte bancada de parlamentares para derrubar todas as medidas dos golpistas e começar
um novo projeto de Brasil.

O que o eleitor deve ter em mente na hora de escolher deputados e senadores?
Devemos estar atentos e garantir a eleição de uma bancada de parlamentares comprometidos com a classe trabalhadora e com um projeto de mudanças do país. O Rio de Janeiro tem muitos bons candidatos, da classe trabalhadora, companheiros e companheiras experimentados, lideranças populares. São estes que precisamos eleger. O parlamento é apenas espelho do que acontecerá na rua. Um parlamentar que se elege com 200 mil votos e depois não consegue mobilizar 100 pessoas para defender nossos direitos, a Petrobras, a Eletrobras, nossas terras e riquezas, não serve para nada! Por isso, vote naqueles que você sabe que vão ajudar a conscientizar e organizar o povo!

Como a população pode contribuir para um Brasil mais justo a partir de 2019?
O projeto de país para os próximos quatro anos será decidido no dia 7 de outubro, por isso não podemos vacilar. Todo mundo tem raiva dos políticos, mas isso é porque a maioria deles representa os burgueses ou eles mesmos são os ricos e privilegiados. O voto nulo e branco nessa eleição seria um voto de quem não quer mudar. A população vai votar no preço do gás, se o lucro da Petrobras vai para educação ou vai para os acionistas americanos. Ela vai votar nas verbas para os hospitais, na melhor política de segurança, que é emprego, renda e educação para todos, se quer o controle social do Judiciário ou quer que eles continuem ganhando R$ 30 mil por mês, enquanto o povão não tem onde cair morto. Por isso, estas eleições não são disputa de partidos ou de siglas. A disputa é de classes: quem está a
favor dos trabalhadores e quem está a favor dos golpistas, dos burgueses, dos bancos e do capital estrangeiro.

Quais são as tarefas da militância
no próximo período?
Se estamos no meio da luta de classes radicalizada e em uma enorme crise econômica, social, ambiental e política, então a luta será longa, para podermos sair da crise nos próximos anos com medidas de proteção ao povo. Depois de outubro, devemos seguir mobilizados convocando o povo para discutir um novo projeto para o país. A partir de janeiro de 2019, com o novo governo Haddad, devemos debater novas formas de participação popular no governo. Não precisamos mais de governos para o povo, só enfrentaremos as crises, se for um governo com o povo. Para isso, precisamos organizar mecanismos de participação popular no governo, através de plebiscitos, referendos e consultas populares e grandes mobilizações de massa na defesa de mudanças necessárias. Agora, é estimular o povo a votar,
participar, e construirmos um novo projeto popular para o Brasil.

Do Brasil de Fato.