Caráter de João Doria é ironizado por adversário, Paulo Skaf
Terceiro colocado na disputa para o governo de São Paulo, o empresário Paulo Skaf (MDB) oficializou nesta quarta-feira (10) apoio ao candidato à reeleição Márcio França, do PSB, e fez críticas a João Doria (PSDB), rival de França no segundo turno estadual.
“Se alguém tem dúvida sobre o caráter do Doria, é só perguntar para o Alckmin”, ironizou Skaf ao lado de França, durante a primeira agenda conjunta deles, na cidade de Suzano, na Grande São Paulo. A visita foi a uma unidade do Sesi –que integra o Sistema S, ligado à Fiesp. Skaf esteve licenciado da federação durante a campanha e retomou a presidência nessa segunda-feira (8).
O candidato do MDB se referiu ao racha entre o ex-governador Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB, e o ex-prefeito de São Paulo, adversário de França no segundo turno, exposto nesta terça-feira (9) durante reunião da executiva nacional tucana. Na ocasião, Alckmin chamou Doria de “temerista”, na alusão a Michel Temer, e “traidor”.
Skaf reafirmou hoje o voto em Jair Bolsonaro (PSL) e admitiu ter condicionado a aliança a uma postura de não apoio de França ao PT no segundo turno no plano nacional. Ontem, o candidato à reeleição anunciou a neutralidade na disputa presidencial.
“Na verdade, o João Doria fala muito de ter uma posição anti-PT. Só que eu não lembro, quando enfrentamos no governo Lula o fim do imposto do cheque, em uma campanha nacional, onde ele estava — foi a derrota de Lula no Congresso”, citou. “Também quando Haddad foi prefeito de São Paulo, entramos [como Fiesp] contra o aumento do IPTU e baixamos o aumento [via Justiça]. Também não vi onde estava o João Doria. E no impeachment da Dilma, também tivemos um papel bem intenso — e o Dória, nesses anos, o que eu vi foi que ele ganhou dinheiro com o PT: fazia eventos, trazia os ministros do PT, enfim, é diferente”, afirmou Skaf, fazendo referência ao desempenho de Dória à frente do grupo empresarial Lide.
Doria chegou a sinalizar um pacto de não agressão com Skaf em debates do primeiro turno e doou, em 2014, R$ 200 mil à campanha de Skaf.
“Em relação ao Doria, independentemente da afinidade de projetos, como governador, você tem que ter personalidade. Tem que ter caráter, tem que ter palavra, tem que ter uma postura de governador. Na minha opinião, quando penso sobre isso, não tenho a menor dúvida: levei um minuto pra decidir em relação entre João Doria e Marcio França”, concluiu Skaf.
De acordo com França, um eventual governo do PSB no estado deve incorporar parte do programa de Skaf no plano da educação, já que o agora aliado fez do sistema Sesi-Senac uma das suas principais bandeiras de campanha.
O governador desconversou, por outro lado, sobre a participação do MDB. Ontem, o partido no estado deliberou pelo apoio a França. “Nós não negociamos espaço, Skaf não me pediu nada, mas disse sobre ter afinidade em algumas coisas, como caráter e palavra”, disse. “No caso do MDB, é claro que boa parte ou a totalidade acaba vindo com a gente, porque o líder de votação no estado foi o Paulo.”
A participação de Skaf na agenda de campanha de França acontece um dia após o governador anunciar neutralidade na disputa nacional e depois de uma discussão entre os tucanos em Brasília.
Questionado se, após o episódio, ele esperava o apoio de Alckmin à sua campanha, o ex-vice do tucano preferiu não fazer uma previsão, mas aproveitou para criticar o posicionamento de Doria. “Por que é que alguém cria vínculos e os desfaz tão depressa? Alguma coisa tem. Amigos mantêm a amizade, de alguma forma, mas Doria não consegue fazer essas amizades perdurarem. A fala do Alckmin foi de quem se sentiu de alguma forma traído, humilhado, desnecessariamente. Se você quer conhecer uma pessoa, pergunta para quem está com ela há muitos anos como é seu comportamento.”
O candidato ao Senado mais votado do país e recém-eleito por São Paulo, o deputado federal Major Olímpio (PSL), declarou apoio à candidatura de Márcio França no segundo turno da disputa do governo paulista. “O voto do major Olímpio e a quem eu puder me manifestar será no Márcio França e não no João Doria, não no PSDB”, disse ele em entrevista à rádio Cruzeiro FM.
Olimpio é o braço-direito do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL). A declaração de Olimpio vai na contramão da estratégia de João Doria (PSDB), que declarou apoio a Bolsonaro logo após o resultado do 1º turno e não deve ter o apoio recíproco de Bolsonaro.
Assessores do deputado confirmaram ao UOL que a posição do senador eleito é pessoal e não uma orientação do partido. Além de não compactuar com a política de Doria, ele afirma que com França é possível ter algum diálogo e diz que o fato da vice na chapa do atual governador ser da PM aproxima as campanhas.
Da UOL.