Empresa será investigada por coagir funcionário de votar em Bolsonaro

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A Procuradoria-Regional Eleitoral no Paraná (PRE-PR) vai apurar se o Grupo Condor, por meio de seu presidente, Pedro Joanir Zonta, coagiu funcionários a votarem em Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais. Dono da maior rede de supermercados do Paraná, Zonta escreveu uma “Carta aos colaboradores” em que expõe as razões pelas quais vai votar no candidato.

Será instaurado um procedimento preparatório eleitoral contra o grupo para verificar se as declarações da carta têm o poder de constranger os empregados. Para a procuradora Eloísa Helena Machado, que assina o ofício, a coação é clara.

“Quando o dono de uma grande empresa divulga a seus funcionários em quem irá votar e, ao mesmo tempo, pede ‘que confiem em mim e nele para colocar o Brasil no rumo certo’, há clara ofensa ao direito de escolha desses empregados”, afirma ela.

Segundo ela, todos os eleitores devem ter liberdade de escolha sem o chamado “temor reverencial” — termo utilizado no direito para caracterizar o receio de agradar a certa pessoa de quem se é dependente psicológica, social ou economicamente. “No caso dos empregados do grupo Condor, existe a dependência econômica, pois seus salários são pagos por quem assinou a carta”, assinala a procuradoria.

Eloísa também frisou que, em época de “desemprego exacerbado”, o funcionário pode temer a perda de seu emprego por razões políticas ou por retaliação do empregador, o que configura o abuso de poder. Os próprios funcionários da empresa podem fazer denúncias anônimas ao Ministério Público, salientou ela.

Também será investigado se a empresa está, de alguma forma, financiando a campanha eleitoral de Bolsonaro, já que a doação por pessoas jurídicas passou a ser proibida por lei a partir do pleito deste ano.

Na carta, Zonta pede a confiança dos funcionários e diz que está “preocupado com o rumo da eleição presidencial”, elencando os motivos pelos quais opta pelo PSL em vez de votar “na esquerda”. Ele se compromete, no entanto, a não cortar o 13º e férias dos colaboradores, conforme pregou o candidato a vice de Bolsonaro, General Hamilton Mourão (PRTB).

Da Valor Econômico.