Haddad diz que Ciro está “ressentido”

Todos os posts, Últimas notícias

Fernando Haddad (PT) falou pela primeira vez sobre o motivo que pode ter afastado seu ex-adversário Ciro Gomes (PDT) da frente democrática que tentava criar para se contrapor a Jair Bolsonaro (PSL).

Questionado em entrevista à rádio Globo nesta quinta-feira (18) sobre a razão para Ciro não participar de sua campanha, Haddad afirmou que “pode ser ressentimento” depois que o PT atuou para isolar o pedetista ainda no primeiro turno.

Com aval do ex-presidente Lula, o PT rifou a candidatura de Marília Arraes para o governo de Pernambuco em benefício de Paulo Câmara (PSB), que disputava a reeleição. Com o acordo, o PSB —que estava para fechar apoio a Ciro— declarou neutralidade na eleição presidencial.

“Pode ser [ressentimento]. Eu não consegui falar com ele, só no dia do primeiro turno”, afirmou Haddad.
O candidato do PT queria compor uma frente com atores políticos importantes, como Ciro, Marina Silva (Rede) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas as conversas não avançaram.

Marina e FHC declararam neutralidade no segundo turno e o PDT disse que daria “apoio crítico” a Haddad. Ciro, por sua vez, viajou com a família para a Europa ainda na semana passada, o que foi visto como senha pelos petistas de que ele não participaria da campanha nem subiria em palanques ao lado de Haddad, como desejava o herdeiro de Lula.

Esta semana, Cid Gomes, irmão de Ciro e senador eleito pelo Ceará fez críticas públicas ao PT e disse que o partido merecia perder a eleição por não reconhecer erros.

Haddad admitiu o fracasso da frente em relação aos partidos e disse que o arco tem se dado “muito mais pela sociedade civil” —esta semana, ele recebeu apoio de grupos de evangélicos, intelectuais, juristas e advogados.

“A frente está se dando muito mais pela sociedade civil do que pelos partidos. Gostaria que se desse também pelos partidos. Mas tem que perguntar para quem viajou [por que não está dando certo]”.

Por fim, Haddad disse que o fortalecimento de Bolsonaro na disputa, impulsionado por uma onda conservadora que elegeu parlamentares e governadores ligados a ele por todo o país, se deu por conta da descrença da classe política, e que preferia ter Alckmin como adversário.

“O que aconteceu com o PSDB me chateia. Eu preferia estar no segundo turno com [Geraldo] Alckmin do que com meu adversário, que é uma ameaça”, disse Haddad em referência ao capitão reformado.

Alckmin terminou o primeiro turno com apenas 4% dos votos válidos, resultado negativo histórico para o PSDB, e os tucanos perderam espaço na Câmara dos Deputados.

Da FSP