Manuela D’Ávila assumiu enfrentamento de Bolsonaro
“Não tenho medo de homem que aponta o dedo para mim. Abaixe esse dedo”, avisou Manuela D’Ávila (PC do B) no pátio da indústria Pan Metal, em São Paulo. Sob chuva fina, o petista Fernando Haddad assistia ao discurso da deputada, direcionada a um operador de máquinas que a acusava de mentir.
A cena aconteceu em 5 de setembro, uma semana antes de Haddad ser oficializado candidato do PT à Presidência e Manuela, sua vice. Manuela queixava-se da decisão do Ibope de não divulgar uma pesquisa da qual Lula seria líder. Foi chamada de mentirosa por um eleitor declarado de JairBolsonaro.
“Não sei teu nome, mas, se tu quiseres vir aqui, te apresentar e tentar provar qual de nós fez uma mentira, tu podes te apresentar. Sou Manuela D’Ávila, deputada há 12 anos com a maior votação do Brasil nas últimas eleições”, reagiu.
Foi uma das primeiras atividades de campanha da dupla. Haddad e sua mulher, Ana Estela, pouco conheciam de Manuela. A deputada assumiria, aos poucos, o papel de contraponto a Bolsonaro (PSL), preservando Haddad.
Na quinta-feira (4), ela foi às redes criticar a ausência do capitão reformado no debate da TV Globo e convocou os militantes a combaterem fake news atribuídas aos apoiadores de Bolsonaro. Chamou o adversário de “coiso”. Mas antes se queixou das olheiras.
A volta ao cenário nacional aconteceu após seis anos de submersão no Rio Grande do Sul. Hoje aos 37 anos, Manuela iniciou sua carreira no movimento estudantil, filiando-se à UJS (União da Juventude Socialista), em 1999. Destacou-se na organização do acampamento da juventude no primeiro Fórum Social Mundial, em 2001. No mesmo ano, filiou-se ao PC do B.
Elegeu-se vereadora de Porto Alegre em 2004. Foi lançada para deputada federal em 2006. Teve dois mandatos consecutivos, de 2007 a 2015. Em 2014, desistiu de concorrer à reeleição, optando pela Assembleia Legislativa gaúcha.
Por duas vezes foi candidata à Prefeitura de Porto Alegre. Em fevereiro de 2016, apesar de reais chances de vitória, anunciou que não seria candidata. Hoje casada com Duca Leindecker, líder da banda Cidadão Quem, alegou que desejava cuidar de sua filha Laura, à época com cinco meses.
Manu e Duca se casaram em novembro de 2017, no mesmo dia em que ela foi anunciada candidata do PC do B à Presidência. Chorou. Durante a campanha, levou a filha a muitas atividades.
Amiga da deputada, a atriz Ana Petta lembra que Manu sempre sonhou ter filhos. Com Laura, conciliou maternidade e agenda pública. Sobre a amiga, Ana diz que ela corta muito os cabelos, conforme o momento, e se expressa nas camisetas que veste.
Da FSP.