Pastor da igreja Renascer é expulso por não pregar em favor de Bolsonaro

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Da Vice.

A VICE recebeu nesta sexta-feira (5) um par de áudios que mostram a expulsão de um pastor da Igreja Renascer em Cristo que se recusou a pregar em favor do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL). O pastor, identificado como Danilinho Bernassi, discute com um bispo da Renascer identificado como Phillip Guimarães, que o tentava enquadrar por compartilhar imagens em sua conta do Instagram a respeito de outros candidatos, como Cabo Daciolo (Patriotas).

No primeiro áudio, Danilinho reclama de estar sendo enquadrado pela sua opinião contra Bolsonaro. “Eu sou a favor de Cristo, não a favor de política”, reclama o pastor, que pregava em São Bernardo do Campo, no ABCD paulista. “O jeito que você quer é você andando do lado de lá, não do lado de cá”, ameaça o bispo. “Eu tenho a minha opinião e você tem a sua, eu não vou votar em Bolsonaro, vai com Jesus de Nazaré no seu voto”, reforça Danilinho, enquanto Phillip diz que “isso eu não vou aceitar”.

Lá pelo fim da discussão, que dura quase 30 minutos, Bernassi desabafa: “Se o pastor Danilo não serve por causa de política, está na mão de vocês, seja feita a vontade de Deus”. A VICE procurou Danilo, que preferiu não se pronunciar sobre o caso. O bispo Phillip não responderuaté o fechamento desta reportagem.

No segundo áudio, um pouco mais difícil de escutar por conta da música ao fundo, a expulsão de Danilo é oficializada. “Depois de 18 anos eu sou um número, eu sou um lixo”, desabafa o pastor. “Você vai manter seu comportamento arredio e defensivo?” diz o bispo. “Está decidido, você está desligado da Igreja Renascer”. Inconformado, Bernassi retruca, “eu vou com o povo então”, ao que o bispo responde: “Esse povo não é seu, é da Igreja Renascer”. Ao fundo, sobe o som de um louvor evangélico cheio de alegria. Tempos estranhos.

De acordo com a Lei Eleitoral 9504/97, a propaganda eleitoral no interior das igrejas é expressamente proibida, pois os templos constituem bens de uso comum, sendo neles vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza. As multas, no caso de descumprimento, vão de R$ 2.000 a R$ 8.000. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral classifica propaganda eleitoral vinda de igrejas como “abuso do poder econômico”. Em entrevista à rede EBC, o procurador regional eleitoral Sidney Madruga afirmou que “esta situação já foi caracterizada pelo TSE como abuso de poder econômico, já que não existe a figura do abuso de poder religioso. O uso indevido e irregular, da igreja ou do templo, não deixa de ter um reflexo econômico”. Nesse caso, o valor das multas vai de R$ 5 mil a R$ 30 mil, para os responsáveis e os beneficiários, no caso os candidatos, que poderão ter o registro e o diploma cassados, se eleitos.