Com nome escolhido por Paulo Guedes, desmonte da Caixa ganha força
O futuro ministro da Economia Paulo Guedes escolheu Pedro Guimarães para ocupar a presidência da Caixa Econômica Federal (CEF).
Pelo estatuto do banco, o nome terá de ser indicado pelo futuro presidente Jair Bolsonaro. Os executivos atuais não poderão ser trocados pelo presidente porque, pelas novas regras, precisam ser escolhidos pelo conselho da instituição.
Sócio do banco de investimento Brasil Plural, Guimarães possui mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro na gestão de ativos e reestruturação de empresas. Doutor em Economia pela Universidade de Rockester (EUA), especializou-se em privatizações.
No comando da Caixa, Guimarães deverá comandar a venda da área de cartões de crédito e de seguros. A ideia de Guedes é delegar para a iniciativa privada negócios que não são fazem parte da “política pública” conduzida pelo banco.
Essa diretriz também será reproduzida no Banco do Brasil, que deverá vender seu braço de investimentos.
O atual presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, é o preferido de Guedes para comandar a instituição mesmo diante da resistência da ala política de Bolsonaro.
Caso seja aprovado por Bolsonaro, será mais uma prova de força de Guedes, que anunciou o ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff Joaquim Levy na presidência do BNDES. Ivan Monteiro foi diretor da Petrobras na gestão petista.
Enquanto não define esses cargos, Guedes trabalha na reestruturação de seu superministério —fusão da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio.
Até o momento, seis secretarias estão previstas: comércio exterior; privatizações e desmobilização patrimonial; produtividade e competitividade; assuntos econômicos; arrecadação;e modernização do Estado.
Nesta quarta-feira (21), Guedes voltou à engenharia de seu ministério porque ainda tenta fundir assuntos em uma mesma secretaria, fazendo chegar a um número final de quatro.
O mais cotado para a chefia da secretaria de comércio exterior é Marcos Troyjo, que ajudou na formulação das propostas de governo durante a campanha. Caberá a essa secretaria implementar a política de abertura comercial, um dos assuntos preferidos de Guedes para impulsionar o comércio e estimular a produtividade da economia.
Nas privatizações, o atual secretário de estatais do Ministério do Planejamento, Fernando Soares, pode continuar conduzindo a política de enxugamento nas estatais, incluindo corte ou realocação de servidores. Todas as operações que não forem incluídas no Plano Nacional de Desestatização serão conduzidas por esse grupo.
Guedes quer reunir na secretaria de produtividade e competitividade ações de política industrial hoje espalhadas no Ministério de Indústria e Comércio, Fazenda e Ciência e Tecnologia.
Na secretaria de arrecadação podem ficar a Receita Federal, possivelmente a cargo de Jorge Rachid, e as atuais Secretaria de Orçamento (hoje no Planejamento) e a Secretaria Política Econômica (da Fazenda).
A Secretaria do Tesouro, que continuará sob comando de Mansueto Almeida, também pode ficar nesse grupo, mas isso ainda não foi definido. O mais provável é que permaneça independente.
Para ocupar cargos nessa ala, Guedes cogita nomes com o de Marcos Mendes, atual assessor especial do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e Waldery Rodrigues Júnior, atual coordenador-geral de assessoria econômica da Fazenda.
A secretaria de modernização do Estado terá como prioridade o aprimoramento da plataforma de “governo digital” e desenvolvimento de políticas para melhorar a gestão de pessoal, como reformas que permitam a revisão do plano de carreira e flexibilização de servidores na Esplanada. Um dos cotados é Paulo Uebel, ex-secretário de gestão de João Doria.
Os planos de Guedes, no entanto, enfrentam resistências. Representantes da bancada evangélica tentam convencer Bolsonaro a manter pelo menos a pasta da Indústria e Comércio independente. A pasta ficaria também com assuntos relacionados ao emprego.