Doria tenta ocupar espaço de Alckmin no PSDB
O governador eleito de São Paulo, João Doria, deu nesta quinta-feira (8/11), um passo importante para assumir o controle do PSDB nacional e alinhar o partido à base de apoio ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Após um período de distanciamento e ruídos na relação, Doria almoçou com Geraldo Alckmin e teve com ele uma conversa reservada de duas horas em um tradicional restaurante da capital paulista.
Derrotado na disputa presidencial, Alckmin sinalizou que não vai oferecer resistência ao avanço de Doria e deve deixar a presidência do PSDB em maio, quando será realizada uma convenção da legenda.
“O Geraldo continua tendo grandeza de alma, espírito elevado e desprendimento. O que faz dele merecedor de respeito e admiração”, afirmou Doria.
O ex-governador foi eleito em dezembro de 2017 para presidir o PSDB. Aliados de Doria vinham defendendo que Alckmin deixasse o cargo sem completar os dois anos de mandato. À reportagem, porém, o ex-presidenciável tucano disse que, pelo estatuto, já havia previsão de se realizar a convenção em maio.
Em caráter reservado, o entorno de Doria já fala no nome do deputado federal Bruno Araújo (PE) como o mais cotado para presidir a legenda no lugar de Alckmin. “Doria é quem vai indicar o próximo presidente do PSDB”, disse o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, que é aliado do governador eleito.
A executiva do PSDB deve se reunir no próximo dia 22, em Brasília, para definir o calendário de convenções. A ideia é que nova cúpula do partido seja eleita no dia 31. Antes serão feitas a convenções municipais e estaduais.
Sobre a posição do PSDB em relação ao futuro governo Bolsonaro, Doria disse que o partido não vai fechar questão formalmente de apoio à nova administração. “Não é preciso frechar questão. Isso é passado. Fechamos questão em apoiar o Brasil”, afirmou.
No almoço, Alckmin disse ao governador eleito que pretende dar aulas, palestras e voltar à medicina após deixar a presidência do partido.
A ofensiva de Doria sobre o PSDB começou logo após sua vitória no segundo turno, quando ele passou a pregar uma nova “correlação e forças” na sigla.
Nesta quinta, os governadores tucanos eleitos esse ano – Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e Reinado Azambuja, do Mato Grosso do Sul, participaram de uma entrevista coletiva no escritório de Doria na qual foram anunciados dois novos secretários do governo (mais informações nesta página).
O ato acabou se transformando em uma demonstração de força do governador eleito de São Paulo e reforçou a aproximação do PSDB com Bolsonaro. Em sua fala, Doria ressaltou que os três Estados somam 59 milhões de habitantes e 37% do PIB.
“Não se trata de fazer adesão ao governo Bolsonaro, mas de fazer adesão ao Brasil e às boas praticas. Não é neutralidade. Não seremos neutros. Vamos apoiar todas as iniciativas econômicas e institucionais que vierem ao encontro dos brasileiros, sobretudo os mais pobres e mais humildes”, afirmou Doria.
Em sua fala, Leite abordou o que chamou de necessidade de atualização dos processos internos do PSDB e pediu mais “democracia” na sigla. “Não há espaço para desejos de protagonismo eleitoral que estejam acima da agenda do País”, disse o governador eleito do Rio Grande do Sul.
A mensagem foi um recado claro à ala do PSDB que resiste ao alinhamento com Bolsonaro e prega que o partido vá para a oposição. Mais comedido, Azambuja afirmou que o PSDB “tem um compromisso” com o Brasil, que tem “pressa” em promover reformas estruturantes.
O trio de políticos tucanos unificou discurso para um encontro previsto para a semana que vem dos governadores eleitos com Bolsonaro.
Após o almoço com Alckmin, Doria se reuniu em São Paulo com o presidente Michel Temer e defendeu um esforço para a aprovação da reforma da Previdência. “A reforma da Previdência, mesmo que parcial, é importante para o futuro do Brasil e para os investidores externos”, afirmou o governador eleito de São Paulo.
Em seguida, Doria recebeu em seu escritório o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A pauta do encontro também foi a reforma da Previdência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.