Ministro do STF critica demora em acabar com auxílio-moradia
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira, 20, ao Estadão/Broadcast que a demora para a Suprema Corte julgar a questão do auxílio-moradia causa “desgaste para o Judiciário”. Desde 2014, o pagamento do auxílio-moradia previsto na legislação foi estendido a todos os juízes do País, atendendo a ações de entidades de classe, por meio de liminar (decisão provisória) concedida pelo ministro Luiz Fux, do STF.
Agora, Fux e o presidente da Suprema Corte, ministro Dias Toffoli, estão articulando nos bastidores a aprovação do reajuste de 16,38% no salário dos ministros da Corte, em troca do fim do auxílio-moradia. Caso o reajuste seja sancionado pelo presidente Michel Temer, a remuneração dos ministros do STF – considerado o teto do funcionalismo público – passará de R$ 33.763 para R$ 39.293,32, um aumento de R$ 5.530,32.
Em um momento de crise fiscal, o presidente da República está preocupado com o efeito cascata do reajuste nas contas públicas e vem sendo pressionado a não ser conceder o aumento.
Conforme informou o site de notícias G1 no dia 12 de novembro, Fux pode revogar individualmente as liminares, caso o reajuste seja sancionado por Temer.
“Sob a minha ótica, já devia ter decidido isso (o auxílio-moradia) há mais tempo. Vai ficando e isso acarreta apenas desgaste para o Judiciário. Já devia ter sido votado”, disse Marco Aurélio Mello à reportagem, sobre a demora na definição do STF sobre o pagamento do auxílio-moradia.
Na avaliação de Marco Aurélio, a concessão do reajuste aos ministros do STF e o pagamento do auxílio-moradia são coisas distintas. “Uma coisa é a entrega da prestação jurisdicional, que tem de ser tocada, outra é sanção ou não (do reajuste) pelo presidente (da República). As definições são absolutamente independentes, têm de ser tocadas nos campos próprios. Os poderes são harmônicos e independentes”, comentou.
Toffoli tem reiterado em conversas reservadas que o reajuste é uma recomposição parcial dos vencimentos dos magistrados, considerando a inflação acumulada ao longo dos últimos anos. O presidente do STF sustenta que, caso seja sancionado, o aumento não vai fazer o Judiciário estourar o teto de gastos.
Do Estadão