Os generais de Bolsonaro tomarão conta do cofre
Para surpresa do mundo político, Jair Bolsonaro confirmou que o recém-indicado general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, irá, sim, dividir com o deputado Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, a articulação política do governo. Todo mundo esperava uma mudança nas atribuições do secretário de Governo, dado o perfil do novo ocupante, com missões mais de gestão e coordenação do que políticas. Não será assim, e nos bastidores a explicação é de que Santos Cruz vai ficar lá para evitar o toma-lá-dá-cá – tentação na qual Onyx, um político tradicional, poderia ser tentado a cair.
Não sabemos se isso irá funcionar, até porque, do outro lado da rua, há um Legislativo acostumado a negociar tudo o que vai votar com moedas de troca como emendas, cargos e verbas. Mas Santos Cruz, que segundo interlocutores tem um estilo bruto de soldado que lutou na guerra, está sendo colocado ali para vigiar esse cofre.
Da mesma forma, houve grande estranhamento na mídia e entre os políticos com a designação do general Floriano Peixoto Vieira Neto para cuidar da Secom e dos contratos de publicidade do governo, subordinado ao ministro-chefe da Secretaria Geral, Gustavo Bebianno. Floriano está passando um pente fino em todos os contratos de publicidade do governo e, ao que parece, vai controlar a verba de quase R$ 2 bilhões que é sonho de consumo de políticos das mais variadas tendências e matizes em qualquer governo.
É óbvio que não foi Bebianno que colocou Floriano ali. O futuro Secretario Geral, ligado ao empresário Paulo Marinho, ganhou a queda-de-braço com o filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro, que foi embora para o Rio de Janeiro. Mas perdeu a batalha e, por determinação presidencial, está tendo que entregar o cofre da Secom a um general.
Movimento semelhante, arquitetado pelo entorno militar de Bolsonaro, é o de entregar o comando do PPI, o programa de parcerias e concessões, ao futuro vice-presidente, Hamilton Mourão. No mesmo pacote, está a nomeação do técnico, ex-funcionário do Dnit e ex-militar para a pasta da Infraestrutura. Vai tomar conta do cofre que está até hoje na mão do PR de Valdemar Costa Neto.
Por enquanto, há uma única certeza em relação a tudo isso. O novo mapa do poder palaciano poderá agradar aos que elegeram Bolsonaro com a bandeira contra a corrupção, mas não vai ajudar em nada a formar a sonhada maioria parlamentar do outro lado da rua para aprovar as reformas.