Ruptura com a China custaria caro ao Brasil, diz analista chinês

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Os acenos do presidente eleito Jair Bolsonaro à ilha de Taiwan causaram desânimo entre dirigentes do regime chinês, alertou nesta segunda-feira (5) um alto funcionário de Pequim.

“O intercâmbio China-Brasil está indo de vento em popa, todos os políticos têm que enxergar isso claramente. A China é a segunda economia do mundo e o principal parceiro comercial do Brasil. Se um político como o presidente eleito menospreza toda essa realidade de parcerias, isso nos traz um certo desânimo”, disse Zhang Zhongjun ao ser questionado sobre a aproximação de Bolsonaro com Taiwan.

Zhongjun é professor da Escola Central do Partido Comunista da China —mais alto órgão de formação de membros do regime— e participou de um evento na Fundação FHC, em São Paulo, acompanhado de Xie Chuntao, vice-presidente da Escola Central.

Em março, o então pré-candidato visitou Taipei, capital da ilha considerada rebelde por Pequim. Em um vídeo gravado durante a visita, Bolsonaro afirmou: “Só o fato de nós termos feito uma viagem  pra Israel, Estados Unidos, Japão, Coreia e Taiwan, nós estamos mostrando com quem nós queremos ser amigos, juntar com gente boa, gente que pensa no seu país. Lógico que Taiwan em primeiro lugar pra quem está aqui, mas junto lá conosco também. Fazer essas parcerias, e fazer que os nossos povos sejam felizes”.

O Brasil não tem relações diplomáticas formais com Taiwan porque reconhece desde 1974 que a China tem jurisdição sobre a ilha. A cooperação se dá através de escritórios econômicos e culturais.

Logo após a vitória de Bolsonaro, Taiwan ofereceu congratulações imediatas ao capitão reformado.

No último dia 30, o jornal chinês Global Times, ligado ao regime, disse que “se ele [Bolsonaro] continuar a desprezar o princípio básico sobre Taiwan depois que tomar posse, isso aparentemente custará ao Brasil um grande negócio”.

O presidente dos EUA, Donald Trump, também causou mal-estar em Pequim ao telefonar para a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, em dezembro de 2016, um mês após ser eleito. Desde 1978 os EUA reconhecem Pequim como único governo da China. Washington cortou relações diplomáticas formais com Taipei no seguinte.

Nesta segunda, Bolsonaro recebeu, em sua casa no Rio de Janeiro, a visita do embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang. O teor da conversa não foi divulgado.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil, respondendo por US$ 47,5 bilhões (R$ 176,6 bilhões) em exportações e US$ 27,3 bilhões (R$ 102 bilhões) em importações, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior referentes ao ano de 2017.

A China é o destino de 22% do volume de exportações brasileiras —especialmente soja e minério de ferro— e origem de 18% das importações —com destaque para produtos manufaturados.​

Apesar de não manter relações diplomáticas com Taiwan, a relação da ilha com o Brasil é amigável. Em 2017, o comércio entre os dois países se deu com US$ 1,8 bilhão (R$ 6,7 bilhões) de exportações brasileiras e US$ 2 bilhões (R$ 7,4 bilhões) em importações.

Da FSP