Justiça recebe processo de recuperação da Avianca

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A companhia aérea Avianca Brasil, a quarta maior do país, entrou com pedido de recuperação judicial (antiga concordata) em São Paulo na segunda-feira (10). Desde a última semana, a empresa vem sendo alvo de ações pedindo a retomada de aeronaves arrendadas por falta de pagamento.

Segundo a agência de notícias Reuters, a empresa argumenta no documento de recuperação judicial que a devolução de aviões pode levar ao cancelamento de voos e afetar 77 mil passageiros.

A assessoria de comunicação da Avianca não confirmou nem negou o pedido. “Estamos levantando as informações e compartilhamos com vocês o quanto antes”, disse a assessoria em email.

A Avianca Brasil é independente, mas compartilha o mesmo controlador que a colombiana Avianca Holdings.

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que, até o momento, não foi notificada sobre o pedido de recuperação judicial da Avianca Brasil.

“A agência já vem solicitando os esclarecimentos necessários sobre a prestação de assistência aos passageiros que poderão ser impactados com eventual reajuste de malha. Caso sejam identificados pontos em desconformidade com as normas da Agência, a Anac poderá aplicar sanções à empresa conforme o que for constatado”, declarou a agência reguladora em nota.

A recuperação judicial é um processo que visa sanear os problemas financeiros de uma empresa para que ela se recupere e continue operando. Se a Justiça aceitar o pedido de abertura do processo, a Avianca Brasil terá um prazo para apresentar um plano para pagar suas dívidas aos credores.

Pelo menos três empresas procuraram a Justiça para pedir a devolução de aeronaves, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”. O caso mais recente seria o da irlandesa Constitution Aircraft, que teria conseguido liminar para retomar 11 aviões.

Citando balanço apresentado à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o jornal afirma que, em junho, a empresa tinha R$ 1,168 bilhão em dívidas com vencimento no prazo de um ano.

Na ocasião, a Avianca negou que fosse pedir recuperação judicial e afirmou que a reestruturação da sua malha, com redução no número de aviões, estava prevista desde agosto. Também disse que suas operações não seriam afetadas

Além de ter que devolver aviões, a companhia aérea enfrenta dificuldades para pagar fornecedores e concessionárias de aeroportos. A dívida com todos os aeroportos brasileiros, públicos e privados, chega a R$ 100 milhões, de acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”. Só com o aeroporto internacional de São Paulo/Guarulhos, a empresa teria dívida R$ 25 milhões.

A Avianca Brasil vinha crescendo rapidamente. No fim de 2015, tinha 10,5% do mercado doméstico e menos de 1% do internacional. Hoje, a participação no mercado nacional chega a 13,65% e, no internacional, a 7,72% (considerando apenas as empresas brasileiras). No mesmo período, só a Azul ganhou participação de mercado, mas de forma mais modesta, passando de 17,1% para 18,8% no segmento doméstico.

Empresas aéreas demandam grande volume de recursos para crescer. A Azul, por exemplo, foi à Bolsa no ano passado para levantar R$ 2 bilhões. Na Avianca, no entanto, não houve nenhuma grande injeção de capital.

No trimestre encerrado em junho, a companhia captou R$ 130,7 milhões em empréstimos com os bancos ABC, Daycoval, Safra e Fibra, com vencimentos entre 2018 e 2021. Assim, o volume de financiamentos, que no fim de 2017 somava R$ 194 milhões, chegou a R$ 306 milhões seis meses depois, aponta relatório entregue à Anac.

No documento, a empresa afirma que tem conseguido aumentar suas receitas, mas não o suficiente para compensar as altas no preço do combustível e a variação cambial. Diz ainda que está controlando os gastos e que pretende recorrer ao mercado para estender o prazo dos empréstimos. Do total da dívida financeira, apenas 22,7% vencem em 2021, e o restante, até 2019.

Do UOL