PF solicita investigação do caso Marielle conduzida pela Polícia Civil
A Polícia Federal (PF) pediu acesso às investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
Desde o mês passado, a PF apura se uma organização criminosa atua para atrapalhar as investigações e se há omissão por parte das autoridades públicas.
Marielle e Anderson Gomes foram mortos em março deste ano no Rio e até agora os responsáveis pelo assassinato não foram identificados.
À TV Globo, investigadores da PF afirmaram que acessar o inquérito da Polícia Civil do Rio é uma etapa estratégica. Isso porque será possível identificar como o inquérito tem sido conduzido, além de analisar as informações já obtidas e as provas colhidas.
O inquérito da PF foi aberto a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a partir de dois depoimentos colhidos por procuradores federais.
No pedido de abertura das investigações, Raquel Dodge afirmou que foram relatadas supostas ilegalidades graves.
Um dos depoimentos aconteceu no dia 15 de setembro e o depoente não teve o nome revelado. O outro foi no dia 22 de agosto e é do ex-policial militar Orlando de Oliveira Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, que está preso na penitenciária federal de Mossoró (RN) desde junho.
Orlando é apontado pela Polícia Civil do Rio como um dos principais suspeitos pela morte de Marielle e Anderson Gomes. Ele diz, contudo, ter sofrido pressão da Polícia Civil do Rio para assumir que matou Marielle e Anderson.
Segundo a procuradoria, os depoimentos apontam a atuação de milícias; que houve proteção policial ilegal a criminosos; a existência de uma organização criminosa, formada por agentes públicos e integrantes do jogo do bicho no Rio; e suposto desvio de conduta de policiais do Rio.
No pedido, a Procuradoria Geral da República diz que há indícios de má conduta dos policiais e falta de isenção nas investigações. A procuradoria destacou que essas condutas criminosas de policiais, combinadas com o cenário de violência urbana que o Rio vive, têm repercussão internacional.
Sobre as suspeitas relatadas nos depoimentos, o chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Rivaldo Barbosa, disse que a investigação está sendo conduzida com dedicação e seriedade e que repudia o que chamou de tentativa de um miliciano altamente perigoso, que responde a 12 homicídios, de colocar em risco essa investigação.
O delegado disse ainda que tais ilações não causam surpresa, porque historicamente chefes de organizações criminosas se utilizam do mesmo artifício para desmoralizar instituições idôneas e seus membros. Ele afirmou que o caso Marielle e Anderson está muito próximo da elucidação.
Do G1