Só daqui a 202 anos teremos mulheres ganhando o mesmo que homens, diz o FMI
A boa notícia: a diferença global entre os gêneros melhorou um pouco. A realidade: as diferenças nas oportunidades econômicas, incluindo a discrepância salarial entre homens e mulheres, são tão grandes que serão necessários 202 anos para eliminá-las completamente, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.
O grupo analisa vários indicadores de igualdade entre homens e mulheres no relatório global sobre disparidade de gênero deste ano, divulgado nesta terça-feira (18). A disparidade de gênero geral na política, no trabalho, na saúde e na educação melhorou menos de 0,1%, o que significa que levará 108 anos para alcançar a paridade. A lacuna de oportunidade econômica – com base na participação, na remuneração e no avanço na força de trabalho – continua sendo a área que levará mais tempo para chegar à igualdade.
Os números são uma pequena melhoria em relação aos resultados do ano passado, quando a diferença entre as realizações e o bem-estar de homens e mulheres se ampliou pela primeira vez em mais de uma década.
“O que se observa globalmente é que nenhum país atingiu a igualdade de gênero, independentemente do nível de desenvolvimento, da região e do tipo de economia. A desigualdade de gênero é uma realidade em todo o planeta, e estamos vendo isso em todos os aspectos da vida das mulheres”, diz Anna-Karin Jatfors, diretora regional da ONU Mulheres. Ela acrescentou que “202 anos é um tempo de espera longo demais” para a equidade econômica.
Jatfors disse que os governos podem ajudar a estimular melhorias com políticas de remuneração igualitária e investimento na infraestrutura de cuidados para pais e idosos, além de conceder às mulheres proteções jurídicas, como segurança no emprego durante a gravidez.
Houve um “progresso mínimo” desde o relatório do ano passado no indicador de participação e oportunidades econômicas, afirma o Fórum Econômico Mundial, e os países com pior desempenho estão principalmente no Oriente Médio e no Norte da África. Apenas 34% dos gestores globais são mulheres, e as lacunas de renda têm sido “particularmente persistentes”, sendo que 63% da diferença salarial global foi fechada até o momento.
A Islândia teve o melhor desempenho na lista pelo 10º ano consecutivo. O país também permaneceu como o número um em empoderamento político das mulheres, embora tenha caído na representação feminina entre legisladores, altos funcionários e gerentes. Em outubro, a primeira-ministra Katrin Jakobsdottir esteve entre as mulheres islandesas que fizeram greve para protestar contra a desigualdade salarial e o assédio sexual. Outros países com líderes do sexo feminino – Nova Zelândia e Reino Unido – terminaram em sétimo e décimo quinto lugares.
O empoderamento político é o aspecto em que a diferença de gênero continua sendo a mais ampla, de acordo com os resultados. Neste indicador, os EUA caíram do 66º lugar em 2006 para o 98º lugar. Ainda assim, nas eleições parlamentares realizadas no mês passado, depois de os dados da pesquisa terem sido coletados, as mulheres conquistaram um recorde de 102 assentos na Câmara dos EUA até 19 de novembro, estimuladas pela oposição democrata ao presidente Donald Trump.