Temer acelera bajulação a Bolsonaro
Em afago ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (14) que tem absoluta certeza que seu sucessor e sua equipe farão um governo extraordinário.
“Não só pelo que revelaram nas suas falas, mas pela história de Bolsonaro e dos que compõem sua equipe”, afirmou na cerimônia de lançamento do submarino Riachuelo, no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Temer também defendeu o legado de seu governo, dizendo que conseguiu virar o jogo e superar a crise econômica que atingiu a administração de sua antecessora, Dilma Rousseff (PT), por meio de uma agenda de reformas que está “modernizando” o país.
Bolsonaro também participou da cerimônia, mas não discursou. Em meio à polêmica envolvendo Fabricio Queiroz, seu amigo e ex-assessor de seu filho Flávio, o presidente eleito decidiu não falar com a imprensa. Em relatório, o Coaf identificou movimentações financeiras atípicas na conta de Queiroz.
O Riachuelo é o primeiro de uma série de quatro submarinos convencionais e um com propulsão nuclear construídos pelo Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos).
Para Temer, o lançamento é a “mais recente conquista de um projeto de Estado”. “O Prosub não é elemento fundamental apenas da estratégia de defesa, mas parte integrante de nossa política de desenvolvimento tecnológico”, afirmou.
O presidente ressaltou que o país tem vocação pacífica e que o objetivo da construção do submarino é defender a soberania nacional.
JANTAR
Temer já havia feito acenos ao governo Bolsonaro em jantar na noite anterior, nesta quinta (13), em São Paulo.
No evento, o presidente disse ter “absoluta convicção que o presidente eleito Jair Bolsonaro seguirá na mesma trilha” do seu governo.
A afirmação foi feita em meio a um discurso em que ele elencava o que considera destaque em sua gestão, como diálogo com o Congresso, o teto de gastos e a reforma trabalhista. Segundo o emedebista, Bolsonaro retomará e concluirá medidas que não foram aprovadas no atual governo.
“Fiz várias reformas, faltou a reforma da Previdência e a simplificação tributária. Vejam que a reforma da Previdência saiu da pauta legislativa, mas não saiu da pauta política do país. Quem colocou na pauta política fomos nós”, disse Temer, acrescentando que semeou esses temas para a gestão seguinte.
“Eu confio muito no governo que vem aí alicerçado, ancorado, amparado pela vontade popular”, afirmou, após receber uma medalha de honra ao mérito por gestão pública de empresários paulistas. “Claro [que Bolsonaro] ainda fará uma série de inovações das mais variadas, mas sempre visando o bem comum, o bem do país.”
Nomes da equipe econômica da atual gestão foram incorporados ao governo Bolsonaro, como Mansueto de Almeida, que fica no Tesouro, e o atual ministro do Planejamento, Esteves Colnago, que comporá o Ministério da Economia.
No discurso, de 25 minutos, Temer ainda disse que “será muito útil para o Brasil” que Bolsonaro e sua equipe econômica sigam a trilha que sua gestão estabeleceu.
Antes de o presidente subir ao púlpito, seu governo foi elogiado pelos anfitriões, que disseram que, apesar da falta de popularidade, no futuro sua gestão será reconhecida por equilibrar o país.
Temer agradeceu os elogios e disse que evitou medidas populistas, “aquelas que ganham aplausos hoje mas recebem vaias amanhã”.
“Só tomei medidas populares”, afirmou.
Mas o presidente também ouviu cobranças de explicações a respeito de decisões do governo. O ex-presidente do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) Romeu Chap Chap cobrou, em meio a elogios, justificativas para o reajuste do Judiciário e sobre o teor do indulto natalino do ano passado. Ao discursar, Temer não mencionou os assuntos.
Da FSP