Bolsonaro e sua equipe apostam em mentiras e desinformação

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O chanceler Ernesto Araújo achou que poderia apagar uma bobagem com uma lorota. Depois de soltar uma besteira quando afirmou não saber se o regime da Coreia do Norte age com a mesma brutalidade de Nicolás Maduro, o ministro tentou colocar a culpa na imprensa.

Em uma postagem, Araújo reclamou que os jornais só passaram a chamar os líderes norte-coreanos de ditadores depois que o americano Donald Trump passou a negociar com Kim Jong-un. O chanceler talvez tenha achado que escaparia ileso com essa desonestidade flagrante. A verdade é que ele mentiu.

Há três gerações, a imprensa trata o governo norte-coreano como um regime autoritário. Em julho de 1994 os jornais noticiavam que o corpo de Kim Il-sung, “ditador que governou a Coreia do Norte por 46 anos” e avô de Kim Jong-un, seria carregado pelas ruas de Pyongyang. Araújo fingiu que não viu e só tentou limpar sua barra com aquela fantasia.

Alguns integrantes do governo querem exercer o poder com base na mentira. Depois de dizer à revista Veja que os brasileiros se comportam como canibais, o ministro Ricardo Vélez (Educação) primeiro alegou que suas palavras foram publicadas “fora de contexto”. Quando a gravação da entrevista foi divulgada, ele parou de enrolar e admitiu que foi “infeliz na declaração”.

O próprio Jair Bolsonaro, que se beneficiou de uma enxurrada de notícias falsas durante a campanha, também usa a enganação como método.

Nesta terça (26), o presidente fez propaganda de um item do pacote de Sergio Moro que pretende ampliar a coleta de DNA de criminosos. Bolsonaro se queixou de que “parte da mídia e pessoas de má-fé omitem propositalmente” detalhes do texto. Era mais uma trapaça: a ideia foi noticiada e debatida pelos jornais.

Um governo que se ergueu sobre uma plataforma popular apoiada por 57 milhões de votos não precisa recorrer à mentira. Ao apostar na desinformação para atacar a imprensa, o presidente e seus aliados acabam ofendendo seus próprios eleitores.

Da FSP