Carlos, que seria afastado do governo, ajudará a organizar defesa da reforma nas redes sociais
Na tentativa de arregimentar apoio para a aprovação da reforma previdenciária, o presidente Jair Bolsonaro avalia uma estratégia de comunicação combativa nas redes sociais, território no qual mobilizou adesão à sua candidatura ao Palácio do Planalto.
A ideia é que as mídias digitais sejam usadas para defender efusivamente os principais pontos da proposta, para rebater as críticas de setores de oposição e para pressionar os congressistas indecisos a votar a favor da medida.
Na guerra da comunicação, o presidente contará com a assessoria de um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que reapareceu na sede do governo. Segundo relatos feito à Folha, nesta segunda-feira (25), ele se reuniu com o secretário de Comunicação Social, Floriano Barbosa, um dos responsáveis pelo plano nas redes sociais.
Antes de ir ao Planalto, Carlos foi também ao Ministério da Economia, pasta comandada por Paulo Guedes. Lá, o vereador esteve na Secretaria da Previdência, onde fica o corpo técnico que cuida da proposta enviada ao Congresso.
De acordo com pessoas que participaram das conversas, o filho do presidente se apresentou numa postura colaborativa, dizendo que se colocava à disposição para ajudar na estratégia das redes.
No fim de semana, Carlos fez uma publicação em tom elogioso ao ministro da Economia. “Boa, Guedes! Político vai se aposentar igual cidadão comum”, dizia mensagem postada junto a uma foto do chefe da equipe econômica.
O encontro ocorreu no mesmo dia em que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu que o novo governo melhore sua capacidade de comunicação.
“A questão da comunicação é decisiva. Não tem como ir para o enfrentamento de um tema tão sensível como esse sem ter a capacidade de explicar de forma muito clara para o cidadão o que estamos fazendo, qual o objetivo da reforma”, disse ele, em evento promovido pela Folha.
Nesta manhã, o vereador publicou, em sua conta no Twitter, pronunciamento feito pelo presidente, na semana passada, sobre a reforma previdenciária. “Assista aqui, tire muitas dúvidas e desminta muitas desinformações divulgadas propositalmente”, escreveu.
O retorno ao Planalto de Carlos, que foi o criador da estratégia de uso intensivo das mídias digitais pelo novo governo, se deu na semana seguinte à demissão de Gustavo Bebianno do comando da Secretaria-Geral, queda na qual o vereador teve participação.
Chamado de “pitbull” nas redes sociais, ele iniciou a crise que teve como desfecho a exoneração do ministro ao acusá-lo de ter mentido sobre conversas com o presidente.
Após o episódio, o vereador diminuiu o tom nas redes sociais. A cúpula militar defendeu, em conversas reservadas, que Carlos não se envolvesse mais em questões administrativas, mas o afastamento durou pouco.
A preocupação da equipe econômica é que as redes sociais voltem a ser usadas para pressionar deputados e senadores contra as mudanças no regime de aposentadorias, o que ocorreu na discussão da proposta durante o mandato de Michel Temer.
Da FSP