Com dificuldade de aprovar medida, governo investe em propaganda para tentar ‘vender’ Previdência
A campanha publicitária elaborada pelo governo para defender a reforma da Previdência vai abordar que trabalhadores ricos e pobres vão se aposentar com a mesma idade.
Em linha com o discurso que vem sendo construído pela equipe do presidente Jair Bolsonaro, a mensagem da ação será o combate aos privilégios. A apresentação da campanha foi antecipada pela coluna Painel desta quarta.
Nas peças publicitárias, a ideia é se referir a uma “nova Previdência”. Com as mudanças, “o rico terá que se aposentar com a mesma idade que o pobre”, diz trecho da campanha. Em seguida, o texto deve reforçar a questão da isonomia nas regras e destacar que “o pobre [ vai se aposentar] com a mesma idade do rico”.
Ao propor a criação de uma idade mínima exigida para aposentadorias, o governo quer combater as chamadas aposentadorias precoces, que atendem essencialmente trabalhadores de renda mais alta.
Atualmente, há duas formas de trabalhadores da iniciativa privada se aposentarem. Uma delas é por idade e exige 65 anos (homem) e 60 anos (mulher), além de 15 anos de contribuições ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
O segundo modelo é a aposentadoria por tempo de contribuição, que alcança a população de renda mais alta —e que consegue se manter num emprego formal por mais tempo– e cujo valor do benefício é maior.
Em média, um brasileiro se aposenta com 56 anos de idade por esse sistema após ter contribuído por 35 anos. Mulheres precisam pagar o INSS por 30 anos e conseguem o benefício, em média, com 53 anos.
O presidente Bolsonaro receberá a proposta da reforma da Previdência na tarde desta quinta-feira (14), em reunião com os ministros Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e como secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.
Guedes tem o desejo de enviar ao Congresso uma reforma da Previdência que crie uma idade mínima de 65 anos para homens e para mulheres. Mas, como revelou a Folha nesta quinta-feira (14), o ministro já reconheceu a assessores que, por causa da ala política, a versão final da proposta deve prever um patamar mais baixo para trabalhadoras: 60 anos.
Na proposta elaborada pelo Ministério da Economia, a idade mínima para aposentadorias da iniciativa privada começaria em 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres) e subiria gradualmente.
Bolsonaro decidirá sobre o assunto e fará ajustes no texto. O presidente já defendeu uma idade mínima de 57 anos (mulheres) e 62 anos (homens).
Enquanto formulava a proposta da reforma, o time de Guedes também começou a trabalhar na estratégia para aprovação do texto no Congresso e para comunicação com a sociedade sobre as mudanças nas regras de aposentadorias.
Além do combate a privilégios e desigualdades, o governo também preparou medidas para combater fraudes e aprimorar a recuperação de dívidas com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A medida provisória que passa um pente-fino nos benefícios do INSS já foi enviada ao Congresso e abre caminho para a votação da reforma da Previdência, que por ser uma alteração constitucional, precisa do apoio de três quintos de cada Casa.
Da FSP