Com homicídios aumentando em SP, Doria acha que números da segurança são ótimos

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Surpreendeu o último balanço da segurança pública do estado de São Paulo. Homicídios cresceram 3% entre janeiro deste ano e do ano passado. O número, que era a menina dos olhos de Geraldo Alckmin, governador até dezembro último, sofreu a primeira piora em 13 meses logo no primeiro mês de gestão de João Doria Jr.

Outro número que aumentou foi o de estupros, mais 3,5% em janeiro deste ano ante o mesmo período de 2018. Porém, não são esses os números que importam, na visão do novo governante. O que significativo, de fato, é o número de prisões.

Doria escolheu a dedo os secretários de Segurança Pública (SSP) e o de Administração Penitenciária (SAP). Respectivamente, General João Camilo Pires de Campos e Coronel Nivaldo Restivo tomaram posse na sequência de Doria e começaram a implementar um plano pensado durante a transição de governo.

Nasceu ali, entre novembro e dezembro de 2017, a operação São Paulo Mais Segura e depois sua réplica rodoviária, Rodovia Mais Segura. Objetivos: aumentar o número de prisões, o de apreensões de drogas e de armas e o de veículos recuperados. Na visão dos secretários e de Doria, isso forçará a queda da criminalidade no estado.

“Polícia na rua e bandido na cadeia”, disse o governador a Época, fazendo parecer que ainda está em campanha. “Estamos envolvendo as polícias militar e civil, mais polícia científica, para sufocar o crime organizado.”

O total de prisões efetuadas em janeiro deste ano somou 14.138, uma alta de 5,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. A quantidade de ocorrências envolvendo tráfico de entorpecentes também cresceu 8,4% na mesma base de comparação. “É um compromisso e uma obrigação minha melhorar a segurança pública em São Paulo. A tendência é que esses números aumentem”, afirmou o governador.

General Campos explica que o crescimento dos números foi possível por meio do reforço da atuação policial nas ruas. Agentes de segurança foram espalhados por 19 mil pontos do estado e em outros 9 mil pontos rodoviários. “Vejo um êxito muito claro”, disse.

“O governador do Paraná (Ratinho Júnior) já nos visitou e estamos próximos de assinar um protocolo de cooperação. Minas Gerais também se manifestou nesse sentido”, complementou.

A política “cadeia neles” também influenciou outro plano arquitetado durante o período de transição. Junto do Ministério Público, Ministério da Justiça e Judiciário, Doria conseguiu levar 22 presos, membros da facção criminosa PCC, para presídios federais.

Tentou-se esconder, num primeiro momento, o destino de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder da organização. Porém, logo depois soube-se de que ele foi transferido para o presídio federal de Porto Velho (RO).

De acordo com o Coronel Restivo, a mudança de endereço dos presos foi feita a pedido do Ministério Público. O motivo foi a descoberta de um plano de fuga em massa. “O Ministério Público entrou com uma representação sobre a periculosidade das pessoas e com o conhecimento de que haveria uma tentativa de arrebatamento”, explicou.

Já Doria, conta uma história diferente para a operação que contou com centenas de policiais militares, veículos blindados da Tropa de Choque e aviões da Força Aérea Brasileira.

“Foi um plano estruturado em 51 dias, durante a transição. Nenhuma informação vazou, o que foi importante para o sucesso da operação”, contou. “O crime organizado não vai ter vida fácil em São Paulo”, arrematou.

Apesar de todo otimismo, o que se pode concluir dos números apresentados pelo governo do estado, até o momento, é o seguinte: há mais gente sendo presa e também mais gente morrendo.

Há sempre a possibilidade de que o programa dê certo. Mas também está claro que a decisão foi diminuir o alarde em torno desses números todos. Desde a Fernando Grella, que chefiou a secretaria entre 2002 e 2004, o chefe da pasta apresenta os dados estatísticos da segurança pública. Na primeira divulgação da nova gestão, Campos, não manteve uma tradição em sua pasta.

De O Globo