Como Moro vai lidar com a malandragem dos amigos de Bolsonaro?
Sergio Moro deveria sugerir um novo tipo penal para lidar com laranjas e outros espertalhões eleitorais que rondam o governo. No crime do caixa próprio, estaria enquadrada Carmen Flores, que concorreu ao Senado pelo PSL sob o estandarte de Bolsonaro. Ela perdeu a disputa, mas não saiu no prejuízo.
Carmen diz que não queria se eleger, mas torrou R$ 200 mil de dinheiro público mesmo assim. Ela repassou R$ 40 mil do fundo partidário à filha pelo aluguel de um imóvel e gastou mais R$ 34 mil em sua própria loja de móveis e decoração. O dinheiro era suficiente para comprar 34 conjuntos de mesas e cadeiras.
Como boa parte da trupe que pegou carona com Bolsonaro, Carmen pediu votos coberta com a bandeira do combate à corrupção. A lei não proíbe a contratação de parentes com dinheiro do contribuinte e os valores são tímidos perto de outros escândalos, mas a malandragem desmascara o discurso.
No Rio, outros R$ 55 mil do fundo eleitoral foram repassados para uma assessora de Flávio Bolsonaro. Alessandra de Oliveira trabalhava no gabinete do então deputado estadual e recebia salário da Assembleia Legislativa, mas também foi remunerada como contadora por 42 candidatos do PSL do estado. Uma delas disse que só quem contratasse Alessandra receberia dinheiro do partido.
A operação era mais sofisticada no escritório do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL). Ao menos R$ 95 mil passaram pelas contas de candidatas-laranjas patrocinadas por ele e pararam em empresas ligadas a seus auxiliares. Cleuzenir Barbosa relatou ter sido ameaçada por um assessor do ministro.
Álvaro Antônio ainda ganhou o troféu cara de pau ao pedir que a investigação do caso fosse suspensa e enviada ao STF. Ele passou a eleição dizendo ser contra o foro privilegiado.
A turma da farra eleitoral deveria ouvir o alerta de Carmen Flores numa entrevista durante a campanha: “Quando tem muito dinheiro na tua frente, parece que eles têm gana de ficar com dinheiro que não é deles”.
Da FSP