Em Salvador, Bienal da UNE é espaço de resistência e cultura
Na noite desta quarta-feira (06), o auditório lotado do Teatro Castro Alves, em Salvador, assistiu à abertura da 11ª Bienal da União Nacional do Estudantes (UNE). Tendo Gilberto Gil como artista principal homenageado, a Bienal irá reunir, na capital, até o dia 10 de fevereiro, cerca de cinco mil estudantes de todo o Brasil com uma programação que reúne shows, debates e diversas intervenções culturais no campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Mais que um evento de arte, a Bienal se propõe a ser um espaço de resistência dos estudantes a partir da cultura popular do nosso país. “A Bienal mostra que historicamente o movimento estudantil se construiu não só debatendo política, mas também com muita cultura e arte. Nos momentos mais difíceis que o país enfrentou, foi o movimento estudantil organizado para além dos nossos congressos, mas falando de política através da arte que a gente conseguiu enfrentar momentos muito rudes na nossa história”, salienta Júlia Aguiar, diretora de Mulheres da UNE.
A programação da Bienal terá bandas e artistas como Baiana System, Francisco el Hombre, Djonga, Àttooxxá, apresentação da peça Parecer Democracia, mostra de filmes, e homenagem a importantes nomes que contribuíram para arte e cultura em nosso país, como João das Neves, nas artes cênicas, Mãe Stella de Oxóssi, na literatura e Marielle Franco, na comunicação.
Estudantes debatem rumos da educação
A Bienal acontece em paralelo a Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) da UNE em que representantes dos Centros e Diretórios Acadêmicos de centenas de universidades debatem qual seu papel no debate da educação em nosso país. Júlia destaca que o Coneb “é o que dá condição pro movimento estudantil pensar os caminhos da construção da resistência da defesa da universidade pública e de debater qual projeto de educação os estudantes têm, porque a gente sabe que o que vem sendo apontado pelo governo Bolsonaro são cortes e zero prioridade na educação. Então, a importância de ter um Coneb nesse momento é reunir quem está construindo cotidianamente a política nas universidade pra pensar esses novos caminhos e de que maneira a gente vai enfrentar os retrocessos”.
Sheila Souza participa do Coneb representando o D.A Roda Viva do curso de História da Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Campus XVIII), de Eunápolis (BA). Para ela, o Coneb tem um papel ainda mais decisivo no enfrentamento aos projetos de retrocesso à educação em nosso país. “Eu, enquanto estudante de história, me coloco ainda mais pra estar nesse espaço e construir essa luta. Tem um projeto de lei chamado Escola Sem Partido que ataca diretamente os professores das ciências humanas, principalmente os de história. Então é extremamente importante que os estudantes se deem as mãos nesse momento e se coloquem em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade”.