Major Vitor Hugo: “Governo terá de formar base do zero e respeitar tempo do Parlamento”

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BRASÍLIA

O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), afirmou que o governo “respeitará o tempo do Parlamento” para a aprovação da reforma da Previdência na Casa.

Em entrevista à Folha nesta sexta-feira (15), o parlamentar de primeiro mandato, que foi militar do Exército e escolhido pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para o cargo, disse que será preciso formar a base do governo do zero. “O não loteamento [de cargos] tem um reflexo claro”, disse.

Ele afirmou não considerar que as indicações de segundo escalão que devem começar a ser feitas com a volta de Bolsonaro à capital sejam loteamentos políticos para formar base.

Além disso, Vitor Hugo afirmou que a crise com o ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, e Carlos Bolsonaro não afetará o andamento da reforma, e que os filhos do presidente não terão influência sobre a sua atuação.

Qual o tamanho da base do governo hoje? A base tem a perspectiva de nós chegarmos até 372 deputados, que são todos os deputados de partidos que não se declaram atualmente de oposição. Isso não quer dizer que ela hoje tenha isso.

Houve uma votação nominal que houve confluência com o que o governo orientou próxima de 300 deputados. Isso pode ser um indicativo de quem está caminhando com o governo. Mas não posso dizer qual é a base do governo.

O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) sinalizou que, quando o presidente voltasse, iria começar a distribuição de cargos de segundo escalão nos estados para a formação dessa base. Como isso vai se dar? Quem está tratando sobre isso é o ministro Onyx e o Santos Cruz em articulação com os ministérios.

A imprensa já noticiou sobre um possível sistema de banco de talentos ou indicações, admissões, seleções para cargos.

Não existe precisão de quando isso vai estar efetivo.

Desde que se tenha uma compatibilidade técnica entre o indicado e o cargo, desde que não caia em nepotismo, não tenha nenhum problema na Justiça, e vá ao encontro à visão estratégica do ministro, qualquer um de nós, deputados ou não, senadores ou não, vai poder indicar.

É possível de fato fiscalizar para que esses critérios sejam cumpridos? Os órgãos de controle do Ministério Público e todos os órgãos envolvidos em combate à corrupção estão atentos.

A preocupação do governo é fazer com que a máquina funcione. É por isso que não houve loteamento, e o não loteamento em alguma medida tem um reflexo claro na formação da base.

A base do governo vai começar do zero.

Essas indicações não vão contra essa política de não loteamento? Loteamento não vai haver. O presidente não falou que vai aceitar, ele falou que ele e os ministros vão fazer as avaliações. É um processo natural decorrente da existência dos cargos.

Mas isso não terá indicação política? A indicação política por si não é um problema, porque senão todos os ministros por mais técnicos que fossem estariam contaminados, porque foram indicados pelo presidente, que é um político.

Com relação à reforma da Previdência, quando estima que terão de votos para a aprovação no plenário [são necessários 308 votos na Câmara para aprovação de alterações na Constituição]? Embora exista uma ansiedade de aprovar o quanto antes, o governo vai respeitar o tempo do Parlamento. O prazo para isso acontecer é elástico, a gente não tem como dizer.

Mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diz que é possível votar ainda neste semestre. O sr. acha viável? É um político experiente, e se ele fez essa avaliação eu acho um prazo possível. A gente torce para que dê certo.

A proposta do governo prevê uma economia de R$ 1 trilhão em dez anos. Há uma meta de alteração? É difícil estabelecer um valor. Eu acho que a equipe econômica quer que se preserve o máximo possível, mas a palavra final é do Parlamento, que vai saber dosar o quanto de economia, de impacto na população isso vai ter.

A crise com o ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, afeta o clima da Previdência na Câmara dos Deputados? Essa é uma situação no âmbito do Executivo e vai ter pouco impacto no Parlamento.

Como o senhor vê o fato de os filhos do presidente Bolsonaro agirem, sem cargo, em assuntos de interesse do governo? Eu tenho uma boa relação com todos eles, mais próxima do Eduardo [Bolsonaro, deputado federal eleito pelo PSL por São Paulo]. Sei que eles têm uma excepcional relação com o pai.

Mas não é sinalização ruim que eles tenham ingerência sobre assuntos do governo? Isso é algo que tem que ser gerenciado pelo presidente, não interfere na minha atuação como líder do governo Bolsonaro.

Eu acho que não vai ter qualquer tipo de influência.

Líder de Bolsonaro na Câmara diz que debate sobre reforma da Previdência terá prazo elástico

Da FSP