Na Câmara, oposição cobra investigação do escândalo Queiroz e família Bolsonaro
A primeira sessão de debates do ano na Câmara dos Deputados, realizada nesta terça-feira (5), teve bate-boca e troca de provocações entre parlamentares.
Dos 513 deputados, pouco mais da metade compareceu ao primeiro compromisso da Câmara após o início dos trabalhos legislativos. Por volta das 16h30, o registro de presença da Casa contava com 261 parlamentares. A sessão ainda não havia terminado até a última atualização desta reportagem.
Em um plenário parcialmente ocupado, os deputados se revezavam na tribuna com agradecimentos aos eleitores e discursos sobre projetos.
O clima ficou tenso quando o deputado Valmir Assunção (PT-BA), que está em seu terceiro mandato, rebateu críticas aos governos petistas e cobrou explicações sobre o caso envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e seu motorista Fabrício Queiroz, que são alvos de investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) sobre movimentações financeiras consideradas “atípicas” pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
“Alguns deputados já hoje diziam que ficaram vários dias, meses aqui para tirar o governo mais corrupto que houve nesse país. Mas quero saber qual a posição desses deputados com a família Bolsonaro. Quero saber se esses deputados vêm pedir investigação, porque a família Bolsonaro – todo mundo está sabendo e viu nas redes e nos meios de comunicação – [está] envolvida com as milícias e, por outro lado, o dinheiro na conta de A, de B e até agora ninguém explica nada disso. Onde está a coerência?”, afirmou durante discurso da tribuna.
O deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA) saiu em defesa de Bolsonaro. Na parte de baixo do plenário, começou a gritar em um dos microfones que ficam no meio dos parlamentares: “Mas foi o teu PT que acabou com o país. Foi o teu partido que acabou com o país. Foi o Lula que acabou com o país”, disse.
Mauro retrucou dizendo que o petista estava atacando o presidente da República. “Estou respeitando, mas ele está atacando o presidente da República e ninguém está falando nada”, afirmou.
Outros parlamentares se envolveram no bate-boca. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que estava próxima a Éder Mauro, foi tirar satisfações. A deputada Érika Kokay (PT-DF) ficou dizendo que o país “não tem mais capitania hereditária”.
Enquanto isso, Mauro repetia no microfone que queria pedido de resposta. A deputada que presidia a sessão ficou pedindo calma até que os ânimos arrefecessem.
A maior parte dos deputados aproveitou a sessão para defender projetos de sua autoria. Um deles foi Giovani Cherini (PR-RS), que informou a apresentação de uma proposta para obrigar que todos os deputados façam exame toxicológico anualmente para dar o “bom exemplo”.
“Estou apresentando um projeto que cria o teste toxicológico para todo cidadão que tem vínculo com o estado. Essa Casa aqui, os deputados terão que fazer todo ano teste toxicológico, senador, deputado, juiz, promotor para acabar com o uso da droga no Brasil. Se nós queremos mudar o Brasil, temos que começar em casa, dando o bom exemplo”, disse.
Conforme as regras internas, a primeira sessão da Casa tem que ser destinada apenas a debates. A primeira deliberativa, com a possibilidade de votações de projetos, está prevista para quarta (6). A pauta anda será definida em uma reunião entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os líderes dos partidos.
Do G1