Banqueiros torcem para que o zodíaco dê uma forcinha na reforma da previdência
O presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, fez, nesta sexta-feira 5, uma avaliação mais esotérica sobre as chances de aprovação da proposta de reforma da Previdência encaminhada ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo o executivo, o signo dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) é um bom indicativo para o processo de tramitação da proposta pelas duas casas.
“Ambos os presidentes nasceram em gêmeos, então gostam de conversar. Isso ajuda na (tramitação da) reforma. Estou otimista. Nós empresários vivemos de esperança”, disse o executivo durante sua participação no Fórum Empresarial Lide, que acontece neste fim de semana em Campos do Jordão (SP).
Maia nasceu no dia 12 de junho e Alcolumbre no dia 19 de junho. Pelo horóscopo, quem nasce nesses dias é do signo de gêmeos, que é considerado comunicativo. Trabuco nasceu em 6 de outubro. Ele é do signo de libra.
Entre uma brincadeira e outra, os empresários presentes no fórum mostraram apoio à aprovação da reforma e aos esforços dos parlamentares em aprová-la. Eles formam a maior parte da plateia do evento, que conta com cerca de 700 pessoas. Trabuco lembrou que dado o nível crescente de gastos com a Previdência, o Brasil deixou o pacto de gerações — em que as mais jovens pagam contribuições para as aposentadorias dos mais velhos — e entrou no momento de “conflito de gerações” e por isso a reforma é necessária.
Além de demonstrarem satisfação com o entendimento entre líderes do Congresso Nacional e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi um dos palestrantes no período da manhã, eles também ficaram satisfeitos com as declarações de apoio a outras reformas, como a da máquina administrativa e, principalmente, a tributária.
DIÁLOGO E PERSEVERANÇA
Um dos que demonstrararm esse apoio foi Eduardo Fischer, presidente da construtora MRV, a maior na atuação do programa Minha Casa, Minha Vida. Ao ministro da Economia, o executivo pediu muito diálogo e perseverança. “Por mais desgastante que possa parecer, estaremos a seu lado. Temos aqui uma responsabilidade muito grande. Somos líderes e temos a responsabilidade de apoiá-lo nessa caminhada”, disse.
Rafael Furlanetti, sócio-diretor da XP Investimentos, também fez algumas considerações e lembrou que a expectativa de aprovação das reformas é positiva para os investimentos em Bolsa de Valores. “Essas conversas, esse diálogo de fato anima a Bolsa. O Brasil, de fato, pode ser agora a bola da vez”, afirmou.
Na sequência, foi a vez do fundador do BTG Pactual, André Esteves, falar. O microfone demorou alguns minutos para chegar de Furlanetti a Esteves. Foi quando o jornalista William Wack, que mediava a discussão, brincou: “A XP não quer deixar o BTG falar”, disse.
A XP e o BTG travam uma disputa na Justiça em torno dos agentes autônomos. Imediatamente após seu comentário, Wack acrescentou: “É só uma brincadeira. Não é para ninguém sair tuitando isso”.
Com o microfone nas mãos, Esteves afirmou que o Brasil não pode deixar passar o momento em que a sociedade, o Executivo e o Legislativo concordam com a necessidade de se fazer a reforma da Previdência.
“Lembrando o passado, nunca antes na história desse país se viu uma coordenação entre presidente, governadores e o Congresso. É um momento histórico que a sociedade não pode desperdiçar”, disse, citando um bordão muito usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba (PR).
TRANQUILIDADE
Mais cedo, o ministro Paulo Guedes tentou passar uma mensagem de tranquilidade aos empresários sobre a tramitação da reforma. Ele afirmou que a proposta conta com o apoio das principais lideranças do país, entre elas o presidente Jair Bolsonaro e o deputado Rodrigo Maia, o que deve garantir sua aprovação.
“Se as principais lideranças do país estão comprometidas com a reforma, por que eu vou ter medo? Estou absolutamente tranquilo e percebo que há uma dinâmica construtiva em Brasília”, afirmou o ministro durante sua apresentação.
Guedes voltou a destacar que as mudanças no sistema de concessão de aposentadorias no país são obrigatórias e independem da coloração ideológica do governo. “O diagnóstico é inescapável. Não tem nada com esquerda ou direita. Tem de fazer a reforma da Previdência, e ela precisa ser potente”, disse o ministro.
O clima de descontração vem desde a noite de quinta-feira 4. Um grupo de 185 empresários participou de um jantar na casa de um dos sócios do escritório Braga Nascimento e Zilio Advogados. Em um ambiente amplo e repleto de obras de arte, os convidados foram servidos por um número de garçons equivalente ao de convidados: 185.
Da Época