Bolsonaro será denunciado na ONU por censura à propaganda do BB

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Associações que defendem direitos dos negros e a diversidade reagiram à determinação do Palácio do Planalto de retirar do ar a propaganda do Banco do Brasil . Na peça, jovens negros, tatuados, e outros meninos e meninas de diferentes perfis aparecem em cenas do cotidiano.

Um aumento do espaço e do número de oportunidades para atores negros no mercado publicitário costuma ser uma das bandeiras de grupos que buscam representatividade.

— A comunidade negra gastou um tempo imenso para despertar na sociedade o respeito à diversidade. Essa propaganda consolida uma conquista dos excluídos. A decisão é muito equivocada, um retrocesso — disse frei David, da Educafro.

Segundo ele, diante da iniciativa do governo federal, a Educafro pretende entrar com uma denúncia na Organização das Nações Unidas (ONU) contra a decisão do governo federal de tirar a propaganda do ar.

Os atores da peça publicitária não falam, apenas aparecem em diferentes situações do dia a dia.

— Esse governo sequer abriu as portas para conversar com a gente — disse o dirigente da Educafro.

Ativistas da comunidade LGBT também foram críticos à decisão, mesmo que não haja referência a gays no comercial.

— É impossível entender a cabeça de um presidente que se incomoda com a liberdade alheia, com a diversidade. Há uma questão psicológica a ser estudada — criticou o ativista gay Fernando Dantas, que, em São Paulo, trabalha em uma Organização Não Governamental (ONG) que dá abrigo a transexuais em situação de vulnerabilidade.

Um dos fundadores da Associação da Parada do Orgulho LGBT, Nelson Matias, disse que a iniciativa do governo reforça o que ele chama de “intolerância institucional”.

— É a intolerância institucionalizada por um presidente que parece querer governar apenas para uma elite preconceituosa — disse Matias, temendo que a repercussão do caso possa reforçar o discurso de ódio contra grupos que costumam ser alvo de homofobia. — O presidente não consegue entender o quanto uma atitude dessa faz retroceder a luta de pessoas para quem ele também tem o dever de governar — reforçou Matias, que há décadas atua por direito dos gays e diversidade.

Esta foi a segunda vez em um mês e meio que Bolsonaro protagonizou uma controvérsia envolvendo a maior instituição financeira estatal do país. Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, o presidente foi ao Facebook para criticar a decisão do Banco do Brasil de tornar obrigatório um curso de diversidade, prevenção e combate ao assédio moral e sexual. Além de avisar que havia ordenado à cúpula do banco que abolisse a formação, o presidente orientou os postulantes a cargos no BB a recorrerem à Justiça.

— Um conselho que eu dou a vocês é: que se, porventura, alguém que for aprovado no concurso e for exigido esse diploma, você pode entrar na Justiça, que tu vai ganhar (sic). Se bem que eu vou tentar junto ao Banco do Brasil ainda para que se evite isso — declarou Bolsonaro, na ocasião.

De O Globo